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terça-feira, 13 de março de 2012

Sou da época em que professor era coisa sagrada em sala de aula.


  • Publicado em 13/03/2012

    Agressão na sala de aula

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    Sou da época em que professor era coisa sagrada em sala de aula. E isso não faz tanto tempo assim. Quando os mestres começavam a falar, os alunos calavam em sinal de respeito, mesmo que o papo estivesse animado lá atrás, nas últimas cadeiras da sala onde ficava a turma da bagunça. E se a galera insistisse na conversa, ia direto pra fora ter uma conversinha com o diretor.
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    Mas isso é coisa do passado. De lá pra cá, tudo mudou e o respeito entre alunos e professores ficou no limite, com os primeiros perdendo totalmente a noção de hierarquia no ambiente escolar.
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    Foi o que aconteceu na Escola Estadual Rotildino Avelino, em Coronel Fabriciano, Região do Vale do Aço, Minas Gerais. A mídia informa que uma aluna deu dois tapas na cara de uma professora (foto), depois dela ter interceptado um bilhete da jovem para uma outra colega.
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    Depois de estapear a professora, segundo ainda o relato das reportagens, a aluna saiu da sala furiosa sentindo-se cheia de razão. A superintendência de ensino da região disse que medidas educativas foram tomadas e que a professora aceitou as desculpas da aluna.
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    E daí? Terá sido isso o suficiente para evitar que novas atitudes desrespeitosas aconteçam? O efeito foi cortado, mas e as causas? O que teria dado força a essa jovem a ponto de perder o controle e agredir aquela que, naquele momento, representava a autoridade máxima na classe escolar?
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    Essa falta de limites tem que ser analisada. Todo brasileiro sabe que a educação gratuita no país é deficiente. Professores mal remunerados, instalações precárias e todos os males necessários que tornam o ensino público brasileiro um caos. Mas nada justifica que uma aluna bata na cara de uma professora só porque foi contrariada por ela.
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    Se a menina fez isso na escola, imagine então o que deve fazer dentro de casa com os pais ou irmãos, se os tiver. Sem querer misturar alhos com bugalhos, somos obrigados a procurar culpados e, quem sabe, não seria a culpa parcialmente dos programas de TV cada vez mais permissivos e violentos?
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    Apesar dos avisos que determinam quem pode ou não assistir determinados programas, de acordo com a idade, as novelas e os shows de realismo estão aí ao alcance de todo mundo. Adolescentes e crianças acabam assistindo o que querem. A facilidade de acesso aos aparelhos de TV ou computador faz com que os próprios pais percam o controle sobre os limites que devem passar aos filhos.
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    Difícil abordar um tema desses sem que se encontre uma causa definida para a falta de limites, a não ser no terreno das hipóteses. Mas pelo andar da carruagem, os programas da TV aberta repletos de baixarias, como os BBB’s e as Fazendas, que mostram uma falsa realidade já que os participantes sabem que estão sendo monitorados e filmados, podem perfeitamente interferir no comportamento de quem está ainda formando sua personalidade.
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    Em nome de uma pretensa liberdade de ação incentivada pelos diretores dos reality shows, “as estrelas” de ocasião não medem consequências, transam em baixo de cobertas, falam palavrões e de suas experiências sexuais abertamente, mostrando que não há limites e que o negócio é ousar, ousar e ousar... sem controle.
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    Talvez a garota que bateu na professora sem cerimônia tenha se lembrado de que a realidade mostrada na TV é a que deve ser seguida, a partir do princípio de que tudo está liberado. O respeito aos mestres ficou lá atrás e a palavra punição por desrespeito não existe no dicionário de alunos como a garota de Coronel Fabriciano.
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