Pibinho faz BC baixar os juros.
O Banco Central decidiu acelerar a redução dos
juros para estimular a retomada da atividade econômica, que perdeu o fôlego no
fim do ano e continua sofrendo com a crise mundial e a valorização do real em
relação ao dólar. O BC reduziu a taxa básica de juros da economia de 10,5% para
9,75% ao ano. Foi o quinto corte consecutivo desde agosto, quando o BC começou a
diminuir os juros para reerguer a economia.A decisão de cortar 0,75 ponto
porcentual, e não 0,5 ponto como nas outras vezes, foi aprovada por 5 dos 7
diretores do BC que integram o Copom (Comitê de Política Monetária). Os outros
dois votaram por 0,5 ponto.
O resultado atendeu às expectativas da
presidente Dilma Rousseff, que contava com uma ação mais ousada do Banco Central
diante da série de notícias ruins sobre a conjuntura econômica divulgadas nos
últimos dias.Na terça-feira, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu
apenas 2,7% no ano passado. Ontem, o instituto revelou que a produção da
indústria nacional despencou 2,1% em janeiro. O BC acredita que o cenário
internacional permite manter a inflação sob controle mesmo com os estímulos ao
mercado doméstico, que devem ser combinados com reduções de tributos e outras
medidas prometidas pelo governo para o setor produtivo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou
ontem que o governo adotará medidas "toda semana" para estimular o crescimento,
a indústria e as exportações. "As dificuldades para a economia vão continuar, o
que exige de nossa parte empenho maior e medidas mais amplas", disse. "Toda
semana vamos tomando medidas para calibrar a economia." O BC começou a reduzir
os juros em agosto do ano passado, quando surpreendeu o mercado ao decidir
cortar a taxa básica mesmo com a inflação muito acima da meta estabelecida pelo
governo.
A inflação atingiu no ano passado 6,5%, limite
superior da meta oficial. O BC promete reaproximá-la neste ano para o centro da
meta, de 4,5%, mas a maioria dos analistas do mercado financeiro acha que ela
deve chegar ao fim do ano mais perto de 5%. Na lógica dos diretores do BC, se
for preciso ajustar mais adiante o ritmo de crescimento para evitar pressões
inflacionárias, será possível usar instrumentos alternativos como medidas de
caráter regulatório para restringir a oferta de crédito nos bancos.
Isso permitiria conter a inflação sem precisar
interromper a redução dos juros e abrindo caminho para que as taxas continuem
caindo. O fraco resultado do PIB em 2011 reforçou a percepção no governo de que
a equipe econômica está no caminho certo por vários motivos. O mais importante é
que a redução dos juros ajuda a manter em alta o consumo das famílias, principal
motor da atividade econômica nos últimos meses.(Folha de São
Paulo)
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