Caseiro diz que alterou cena da morte de PC sob ordens
Júri de PMs acusados do assassinato de Paulo César Farias começou ontem
PC Farias, tesoureiro de Collor na campanha de 1989, e sua namorada, Suzana Marcolino, foram mortos em 1996
No primeiro dia do júri dos ex-seguranças acusados de envolvimento na morte de Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, em 1996, o ex-caseiro de PC confirmou ter recebido ordens para alterar a cena do crime.
A falta de preservação do local do crime é apontada como uma das razões pelas quais o caso não foi totalmente elucidado até hoje. Roupas de cama, travesseiros e o colchão do quarto da casa de praia de PC em Maceió, onde as vítimas foram encontradas, acabaram queimados.
Tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989, PC Farias é tido como articulador do esquema de corrupção no governo denunciado à época.
Segundo a Promotoria, a morte foi investigada como "queima de arquivo", pois PC era acusado de sonegação e enriquecimento ilícito e poderia revelar envolvidos.
Arrolado como testemunha pela defesa e pela acusação, Leonino Carvalho disse que a ordem de alterar a cena do crime partiu do ex-sargento da Polícia Militar Flávio Almeida, ex-chefe da segurança de PC Farias.
"Como o mau cheiro era muito forte na casa, eu liguei para o Flávio e ele mandou limpar o quarto e jogar as coisas fora", afirmou.
O casal foi encontrado morto em 23 de junho de 1996. A ordem para limpar o quarto foi dada três dias depois, segundo Carvalho, que trabalha até hoje para os Farias, e na mesma casa.
Almeida não está entre os réus porque a Polícia Civil indiciou apenas quem estava na casa no dia do crime.
Foram indiciados os ex-seguranças Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, todos PMs da ativa em Alagoas.
O caseiro disse também que ajudou a arrombar a janela do quarto onde o casal foi encontrado morto.
A ex-mulher de Carvalho, que também era caseira de PC, também prestaria depoimento, mas está internada para tratamento de câncer.
Segundo o ex-caseiro, foi ela quem desconfiou de que havia algo errado. "Ela comentou que a sala da casa estava toda desarrumada, com as almofadas jogadas no chão e cinzas de cigarro no sofá."
DISCUSSÃO
O segundo a prestar depoimento foi o garçom Genival França, que também estava na casa de praia no dia do crime. Ele procurou reforçar a tese da defesa de que Suzana matou PC e se suicidou.
França disse ter presenciado ao menos uma discussão entre o casal e que Suzana já havia tentado suicídio.
O empregado afirmou ainda que, depois da morte de PC Farias, trabalhou para a família dele, inclusive na Tigre Vigilância, que disse pertencer ao ex-deputado Augusto Farias (antigo PPB, hoje PP), irmão de PC.
Augusto foi apontado pela polícia como mandante do crime, mas depois foi inocentado por falta de provas. O ex-deputado sempre negou ter participação na empresa. Ele deve ser ouvido hoje.
A Promotoria descarta a tese de que Suzana tenha matado PC e depois se suicidado, como é sustentado pela defesa dos réus. A acusação afirma que o caso foi um crime de mando, mas nunca chegou a um mandante.
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