Redução de gastos no Senado preserva auxiliar de check-in
Congressistas mantêm direito a ajudantes para embarque no aeroporto de Brasília
Corte de custos não atinge também outras regalias como reembolso sem limite para gastos médicos e com celular
Com poucos cliques no computador ou no celular, é possível hoje garantir um assento num avião e confirmar uma viagem. Ainda assim, o Senado mantém nove funcionários, com remuneração líquida entre R$ 14 mil e R$ 20 mil, para fazer check-in e despachar malas dos senadores.
Os carregadores de luxo, ou "funcionários do setor de serviços aeroportuários", são apenas uma das regalias desfrutadas pelos senadores.
Eles atuam no Aeroporto de Brasília, onde os congressistas têm à sua disposição uma espécie de sala "vip" para aguardarem o embarque.
A sala permite que eles esperem a chamada para os voos separadamente dos demais passageiros.
Por mês, cada senador tem direito a cinco passagens aéreas de ida e volta da capital do seu Estado para Brasília.
A escolha dos voos segue a agenda dos congressistas, o que leva o Senado a pagar com frequência tarifas cheias --sem descontos oferecidos pelas companhias aéreas.
No desembarque, os senadores têm carro e motorista pagos com recursos da Casa.
Segundo a assessoria do Senado, os nove funcionários trabalham exclusivamente no aeroporto, mesmo quando não há senadores chegando ou saindo de Brasília. Nessas situações, diz a assessoria, eles cuidam de embarques e desembarques futuros.
PACOTE
Em fevereiro, quando assumiu o cargo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou medidas que vão reduzir os gastos da instituição em mais de R$ 300 milhões --mas a reforma administrativa não atinge as "regalias" concedidas aos parlamentares.
Os principais alvos da gestão austera anunciada pelo peemedebista são os servidores da Casa.
Foram extintos, por exemplo, o serviço ambulatorial gratuito no Senado, contratos de mão de obra com empresas terceirizadas e funções de assessores.
Mas os senadores continuam desfrutando de benefícios como atendimento médico sem limite de reembolso (extensivo a cônjuges e dependentes até 21 anos).
Eles também possuem assinatura de revistas e jornais por conta do Senado e reembolso ilimitado para gastos com telefones celulares.
A reforma administrativa de Renan também não atingiu setores que oferecem "mimos" aos congressistas.
O Senado mantém, por exemplo, um staff de 32 pessoas para administração das residências oficiais de Brasília onde moram senadores.
Eles fazem serviços de marcenaria, instalações hidrossanitárias, elétricas e até "apoio operacional" na cidade do Rio de Janeiro.
O serviço de apoio no Rio é uma herança do período em que a cidade era a capital do país, embora a transferência para Brasília tenha ocorrido em 1960.
Renan prometeu extinguir as funções de servidores lotados no Rio, mas eles permanecem na lista oficial do Senado, atualizada no início deste mês.
Garçons exclusivos para o plenário e para a sala de cafezinho do Senado ganham de R$ 6 mil a R$ 10 mil para servir um cardápio com queijo picadinho e misto quente.
Renan Calheiros, por sua vez, tem uma espécie de "mordomo" na residência oficial, que ganha cerca de R$ 11,3 mil líquidos.
Apenas quatro dos 41 servidores que cuidam dos "mimos" dos senadores ganharam menos de R$ 10 mil em março, segundo o Portal da Transparência do Senado.
A remuneração de nove deles foi acima de R$ 20 mil líquidos no mês.
Nesse mesmo período, a remuneração líquida da presidente Dilma Rousseff foi de R$ 19,8 mil.
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