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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ATÉ QUANDO A SOCIEDADE ACEITARÁ ESSA FARSA?

Dirceu e Genoino pagam por Lula, diz primeira mulher de ex-ministro

Débora Bergamasco, de O Estado de S.Paulo

A família do ex-ministro José Dirceu (Casal Civil) já se prepara para o pior: sua condenação em regime fechado por envolvimento com o mensalão. Enquanto o Supremo Tribunal Federal não decide a pena, parentes já planejam como serão as visitas na cadeia. A refeição da penitenciária é uma das preocupações, pois ele é reconhecido como um sujeito bom de garfo. "Meu medo é que ele se mate na prisão", chora Clara Becker, 71 anos, sua primeira mulher e mãe de seu filho mais velho, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).

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Reprodução
Dirceu e Clara Becker, sua primeira mulher

Casados por apenas quatro anos na época da ditadura militar, ela é amiga próxima do ex-marido há mais de três décadas e tem certeza de que "Dirceu não é ladrão". "Se ele fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro (...) Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos", afirma, referindo-se ao pagamento a parlamentares da base aliada que receberam dinheiro para votar a favor de propostas do governo do ex-presidente Lula, segundo a denúncia do Ministério Público.

Para ela, militantes do PT como Dirceu e José Genoino, ex-presidente do partido, estão sendo sacrificados. "Eles estão pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando", indigna-se.

"Sabe, é muito sofrimento. Uma vez peguei meu filho chorando de preocupação com o pai. E minha neta, Camila, também sente muito."

Desde que começou o julgamento da ação penal 470, Dirceu diminuiu sua exposição pública. Para se poupar de constrangimentos, ele evita circular com desenvoltura, ser visto em Brasília ou jantar fora - seu passeio predileto. Agora, o ex-todo-poderoso do governo Lula lista quem são seus amigos fiéis e os recebe em sua casa de São Paulo ou na de Vinhedo (SP). No fim de semana do dia 7 de outubro, eleição municipal, ouviu ao telefone uma ordem expressa: "Benhê, limpa a área que eu tô chegando". Era Clara avisando que lhe faria uma visita na casa do interior paulista e deixando claro que não queria dividir a atenção do ex-marido com mais ninguém - nem com a atual namorada dele, Evanise Santos. Clara saiu de Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, levando em um isopor uma peça de carneiro temperada no vinho branco e alecrim. Instruiu a empregada a deixar a carne três horas no forno, enquanto aguardava o anfitrião chegar em casa.

Quando ele apontou no portão, ela ouviu também uma voz feminina. Chispou escada acima e se trancou no quarto, alegando enxaqueca. Só desceu quando seu filho bateu na porta e avisou que a "dor de cabeça" já havia ido embora. Depois do fim de semana de comilança e champanhe, Dirceu despediu-se dela, dizendo: "Preciso ir embora mais cedo para São Paulo, tenho que eleger o (Fernando) Haddad".

Parente. "Hoje gosto dele como se fosse meu parente, mas já sofri muito. Sabe aquele homem que é tudo o que pediu a Deus? Pois Deus me deu e me tirou", sorri. Clara, que conta nunca mais ter namorado depois de viver com o ex-ministro, foi casada, na verdade, com Carlos Henrique Gouveia de Mello, um jovem órfão paulistano de origem argentina, pessoa que nunca existiu, a não ser no disfarce adotado pelo então subversivo banido do Brasil e procurado pelo regime militar.

Clara sabia que o marido guardava um segredo. Imaginou que ele tivesse uma família em outra cidade, mas que teria fugido "da bruxa da mulher dele e se ele quer ficar comigo e não com ela, deixe ele aqui, né?", lembra. Só quando a anistia política foi decretada, em 1979, foi que José Dirceu contou à mulher quem realmente era, apontando uma foto dele e de outros exilados em recorte de jornal. "Pensei assim: 'Ai, era isso? Grande coisa', porque nem estava por dentro do que aquilo significava."

Sua preocupação foi ter registrado o filho com o nome de um pai fantasma. Mas compreendeu a importância da mentira. Também diz não ter-se magoado quando, assim que voltou a ser Dirceu, mudou-se para São Palo. "Ele até quis que eu fosse junto, mas não dava, eu estava com filho pequeno, ajudava minha família e ele nem salário tinha, só queria saber de fundar essa miséria desse PT", conta ela, que é petista roxa, com direito a uma piscina nos fundos de casa decorada com a estrela e a legenda do partido em minipastilhas.

Arrependida. Para ela, o único golpe foi ir a São Paulo e encontrar cabelos pretos de mulher no banheiro. Descobriu que era traída. "O Dirceu me disse: 'Se eu tenho outra é um problema, agora se a gente vai se separar é outra questão'. E eu: 'Não, senhor, acabou aqui, cara'. Peguei minhas coisas, o moleque pela mão e fui embora. Hoje, me arrependo, se eu não tivesse deixado o campo limpo, estaria com ele...", imagina.

Ela diz já ter preferido ser viúva a ver Dirceu "cada dia mais bonito" indo em sua casa visitar o filho todo mês. Depois se convenceu de que seria melhor para Zeca ter o pai por perto e sempre cedia sua cama para o ex-marido dormir com mais conforto, mesmo que ele não tenha contribuído com um centavo de pensão. Clara acha que nunca foi amada por ele. "Dirceu nunca amou nenhuma mulher nessa vida, viu? O que ele amou foi a política e pode ir preso por isso", diz. "Agora que o cartão de crédito acabou, quero ver quem vai lá visitá-lo", provoca.

Em um de seus últimos encontros com o ex-marido, Clara o fez chorar: "Eu disse a ele: 'A nossa ampulheta está acabando, você não se tocou, hein, garoto? Mas se um dia você precisar de mim, eu venho cuidar de você'. Ele ficou todo apaixonado e prometeu que ia me comprar um cordão de ouro igual ao que o ladrão me roubou. Mas não comprou, né, só falou...




O MP NÃO TEM SUBSÍDIOS PARA DENUNCIÁ-LO?


Sei não… Acho que a ex-mulher de Dirceu foi escalada para enviar um recado ao Apedeuta: “Ele está pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas…?”

É…

Interessante um texto publicado hoje no Estadão, de Débora Bergamasco.  Ela entrevista Clara Becker, 71, a primeira mulher de José Dirceu, com quem ele ficou casado quatro anos.  Só que usava nome falso: Carlos Henrique Gouveia de Mello. Veio a anistia, ele olhou pra ela, disse o famoso “eu não sou eu” e se mandou. Mas ela o perdoou, a a gente nota!  É a mãe do deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).

Clara e Dirceu, tudo indica, estão em permanente contato. Mãe do deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), que já demonstrou ter herdado um pouco da, vá lá, esperteza do pai, é certo que ela não concederia uma entrevista sem a autorização do ex-marido. Dada a delicadeza da coisa, em casos assim, o entrevistado — ou quem negocia em seu nome… — costuma ter algum controle sobre o que sai publicado. Em suma, estou inferindo que Dirceu sabia, sim, o que Clara iria dizer. E o que ela disse? Que tal isto?

“Se ele [Dirceu] fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro (…) Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos”. Referindo ao ex-marido e a Genoino, manda brasa: “Eles estão pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando”

Sou quase tentado a ver a mão de advogado em certas declarações: “Se ele fez algum pecado…; se é que houve alguma coisa”… Dirceu pode estar tão no controle do que foi publicado que há até passagens nas quais ele não aparece exatamente bem — ao menos segundo a, digamos, moral convencional. Um bom despiste. Querem ver?

Quando o tal Carlos falou que era Dirceu e que suas prioridades eram outras, não houve uma separação imediata. Leiam este trecho:

Para ela, o único golpe foi ir a São Paulo e encontrar cabelos pretos de mulher no banheiro. Descobriu que era traída. “O Dirceu me disse: ‘Se eu tenho outra é um problema, agora se a gente vai se separar é outra questão’. E eu: ‘Não, senhor, acabou aqui, cara’. Peguei minhas coisas, o moleque pela mão e fui embora. Hoje, me arrependo, se eu não tivesse deixado o campo limpo, estaria com ele…”, imagina.

Huuumm… O sujeito de duas caras e de dois nomes também ambicionava ter ao menos duas mulheres. Parece que ele tentou ali negociar uma relação política com a companheira, que passava pela traição consentida. Ele tinha um jeito bem pouco convencional de entender também a República… Essa frase permite algumas permutas, como esta: “Seu eu corrompi alguém, é um problema; se eu vou ser punido, é outro problema”.

A reportagem termina assim:
Em um de seus últimos encontros com o ex-marido, Clara o fez chorar: “Eu disse a ele: ‘A nossa ampulheta está acabando, você não se tocou, hein, garoto? Mas se um dia você precisar de mim, eu venho cuidar de você’. Ele ficou todo apaixonado e prometeu que ia me comprar um cordão de ouro igual ao que o ladrão me roubou. Mas não comprou, né, só falou…”

Entendo.

Algo de atrapalhado se passa nos porões do petismo. Marcos Valério, como revelou VEJA, quer discutir o benefício da delação premiada. E a mãe do filho de Dirceu, um deputado federal que nada tem de ingênuo, decide dizer que, se o ex-marido fez algo de errado, Lula sabia de tudo. Ninguém duvida disso, é evidente. A questão é saber que peso isso tem vindo de Dirceu e qual é a o preço.

Por Reinaldo Azevedo

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Isso não é possível!!! ... estas "Almas Sebosas" não perdem tempo!!!!


30/10/2012 | 13:18

Genoino pode voltar para o Congresso

Divulgação
Foto
EX-PRESIDENTE DO PT, JOSÉ GENOINO
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Condenado por envolvimento no esquema de corrupção do mensalão, o ex-presidente do PT, José Genoino, é cotado para assumir a vaga do deputado Carlinhos de Almeida, eleito prefeito de São José dos Campos, no interior de São Paulo, na Câmara dos Deputados no início de 2013. "O Genoino é o suplente e vai assumir. Sem problema nenhum", disse o presidente do PT, Rui Falcão. No entanto, Genoino terá de esperar o fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal para saber se a pena de perda de função pública, aplicada a réus do processo, poderá impedir sua posse.

Fonte: Claudio Humberto/Últimas

 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Uma oposição vitoriosa


29/10/2012 - 14:27:00  

Para quem está há dez anos longe do poder federal, o PSDB obteve nestas eleições municipais um excelente resultado. O partido avançou muito nas capitais, retomou seu ímpeto nas regiões Norte e Nordeste e demonstrou que acumula forças para contrapor-se ao projeto hegemônico que o PT busca levar adiante.
Neste domingo, o PSDB venceu na maioria das cidades onde concorreu no segundo round das eleições. Foram nove triunfos em 17 disputas, sendo três delas em importantes capitais: Manaus, Belém, Teresina, Pelotas (RS), Blumenau (SC), Campina Grande (PB), Franca, Taubaté e Sorocaba (SP).
No cômputo geral de mais uma eleição para as prefeituras brasileiras, o PSDB terminou com 702 municípios governados, onde vivem 18,3 milhões de eleitores. São 700 mil eleitores a mais do que em 2008.
No primeiro turno, o PSDB recebera 13,94 milhões de votos e ontem foram 5,64 milhões, num desempenho só inferior ao dos petistas. Em 7 de outubro, os tucanos também já haviam eleito 5.250 vereadores, só abaixo do PMDB.
No grupo das 85 cidades com mais de 200 mil eleitores, o PSDB agora tem 15 cidades sob sua gestão, das quais quatro são capitais: as três conquistadas ontem mais Maceió. As demais deste porte são Betim (MG), Piracicaba (SP), Santos (SP), Ananindeua (PA) e Jaboatão dos Guararapes (PE), com vitórias em primeiro turno. Trata-se de avanço significativo em relação a 2008, quando o partido conquistara nove prefeituras deste grupo e apenas uma capital, Curitiba.
Completando o quadro com as vitórias já consolidadas no início do mês, nas médias cidades (75 mil a 200 mil eleitores) o número de prefeituras do PSDB subiu de 24 em 2008 para 29 agora; nas pequenas (de 15 mil a 75 mil eleitores), passou de 217 para 176 e nas menores localidades, de 537 para 482.
Ontem, o partido pôde comemorar a importante vitória do ex-senador Arthur Virgílio para a prefeitura de Manaus. De nada adiantou o empenho direto da presidente da República e a ira de Lula: o tucano obteve o dobro de sufrágios de sua adversária, com 65,95% dos votos válidos, num triunfo histórico.
Em Belém, Zenaldo Coutinho consolidou a supremacia tucana no Pará, onde o PSDB já tem o governador Simão Jatene e os senadores Flexa Ribeiro e Mário Couto. Depois de ter terminado o primeiro turno em segundo lugar, o deputado em quarto mandato recebeu ontem 56,61% dos votos válidos.
Já Teresina terá novamente Firmino Filho como prefeito, que ocupará o cargo pela terceira vez, depois de um interregno de oito anos. Ele foi eleito ontem com 51,54% dos votos válidos, derrotando o atual prefeito.
Às vitórias tucanas soma-se o bom desempenho de outros partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff, contra toda a força da máquina federal. DEM (Salvador e Aracaju) e PPS (Vitória) conquistaram mais três das 26 capitais brasileiras. O PSOL, também na oposição à gestão federal, elegeu o prefeito de Macapá. Ou seja, somam oito os bastiões oposicionistas.
No cômputo geral, a eleição resultou numa fragmentação jamais vista nos municípios. As 26 capitais serão governadas por 11 diferentes legendas nos próximos quatro anos. Quando se amplia a análise para os 85 maiores municípios com mais de 200 mil eleitores, 16 partidos dividirão o poder.
O maior triunfo do partido de Lula e Dilma foi a vitória em São Paulo. Sem ela, poder-se-ia dizer que o PT saíra das eleições por baixo. O êxito na maior cidade do país deu aos petistas um contrapeso a fragorosas derrotas, como as de Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador e Campinas. Cabe lembrar que, das 17 cidades em que o ex-presidente envolveu-se, em nove ele saiu derrotado.
A força que a oposição demonstrou nestas eleições municipais permite ao PSDB, ao DEM, ao PPS e até mesmo ao PSOL sustentarem, sem pestanejar, que contam com apoio decidido da população brasileira para continuar a serem polos antagônicos ao projeto de poder do PT. O partido dos mensaleiros sempre sonhou em ser hegemônico, mas, cada vez mais, viu este seu delírio distanciar-se. Para o bem da democracia.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela

FALTOU CONSCIÊNCIA POLÍTICA ... AOS PAULISTANOS




O judiciário está mudando...

Fonte: Recebido por e-mail

Para captar o sopro dos ventos nas eleições dos novos prefeitos


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

É bom que os vencedores não percam a tranquilidade: pior do que não saber perder é não saber ganhar


Para entender o Brasil que sai das eleições municipais deste ano faz-se necessário procurar varar o cipoal de jargões e os conclusões superficiais reproduzidos por uma mídia míope, que tanto poderia estar falando da copa de futebol ou do concurso de misses, como da manifestação das urnas, quando só se preocupa na exposição dos resultados com os projetos pessoais dos que já estão de olho nas eleições maiores de presidente, governadores, senadores e deputados.


Diziam que Haddad era um poste e Lula qeria iluminar
 São Paulo com ele. Mas foi a rejeição de Serra e o
 julgamento do mensalão que mais pesaram na sua vitória
Tudo que se apresenta à primeira vista é a decodificação da sopa de letrinhas que fala de siglas dos candidatos, sem sequer enunciar o que cada legenda quer dizer. Por que de fato já não se pode falar de diferenças entre siglas sonoras, mas vazias de conteúdos.

Poucos sequer se dão conta de que na essência a política brasileira é expressão de um partido único - o partido da classe política - subdividido em ramais identificados por  legendas que podem estar acolhendo quem antes lhes apedrejava.

Assim, tudo o que se fala é na divisão dos poderes locais, na feira de legendas cada vez mais clonadas.  

Tudo que se quer é controlar a máquina pública

Dizer que esse ou aquele partido aumentou seus tentáculos é falar tão somente em quem conquistou essa ou aquela máquina pública. O primeiro comentário que se faz expõe tão somente a dança das cadeiras das siglas. Mas não alcança o recado dos eleitores que, ao contrário das eleições de vereador, tendem a refletir algum grau de exigência política.

Os confrontos locais se dão como expressões de acordos pontuais, que abstraem conflitos a nível nacional, até porque também as coligações instaladas em todos os níveis de  governos e nas oposições não têm nada de programáticas.  Resultam exclusivamente de acordos para o loteamento das administrações.

Barômetro das urnas sinaliza ares de mudança

Mas embutido nas urnas, por menos políticos que pareçam, há um barômetro de sentimentos pedindo mudanças. Pode-se dizer que permeia os  votos vitoriosos o desejo de  algo diferente, do novo, de uma melhor abordagem das políticas públicas, maior sensibilidade social e eficiência administrativa.

Há que se admitir, porém,  que em muitos casos serviram aos eleitores produtos de ocasião, devidamente construídos por marqueteiros, profissionais altamente capazes, por serem frios e calculistas.   

Estes não só pesaram nas tarefas de construção, como também foram exímios na desconstrução dos adversários, de tal sorte que em algumas cidades, como São Paulo,  independente dos méritos do galã Fernando Haddad e do seu padrinho, o fator que mais lhe favoreceu foi a rejeição do adversário José Serra, um político que entrou na disputa com a ilusão de que seria imbatível por exibir maior currículo.

Esses marqueteiros, porém, tendem a trabalhar numa lógica objetiva, desprezando o psiquismo das massas. São Paulo, onde a imposição do nome do ex-ministro da Educação foi entendida apenas como um delírio do ex-presidente Lula, mostrou que o excesso de munição pode se voltar contra o atirador.

Muita munição pode sair pela culatra

Durante muito tempo, até o resultado apertado do primeiro turno, dizia-se que o candidato petista seria abatido pelo julgamento dos seus correligionários no STF, alguns já condenados num bárbaro linchamento - em função do qual os dois mais visados do PT - Dirceu e Genuíno - quase não conseguiram depositar seus votos.

Curiosamente, ouso dizer que a mega-produção midiática montada em torno do julgamento acabou produzindo um reação oposta da massa, favorecendo Haddad.

É sempre assim.  Aos olhos da povo prevaleceu a leitura de que aqueles réus estavam servindo de bodes expiatórias segundo um ritual de cartas marcadas.  Antes do que ocorreu no "mensalão" do PT, o PSDB já havia recorrido aos mesmos expedientes em Minas Gerais, com o mesmo Marcos Valério operando. Embora as investigações a respeito estejam concluídas há muito tempo,  não há previsão de ir a julgamento. Como também não há no documentado esquema de corrupção, devidamente filmado,  que custou o mandato do governador José Roberto Arruda, do DEM em Brasília.

Cérebro das massas tem razões que a própria razão desconhece

Fatos periféricos nunca são considerados para o entendimento do psiquismo das massas. Emblemática é a posição dos cidadãos em relação aos camelôs.  Reclamam da ocupação das ruas e pedem providências. Mas quando a Guarda Municipal usa de  inevitável rigor, a massa fica imediatamente contra ela e sai em defesa dos informais, entrincheirados para desafiar as autoridades.

Numa democracia em que heróis passam a vilões e vilões a heróis num piscar d'olhos, em que os políticos viram a casaca segundo suas conveniências, o voto eventualmente crítico também tende a ser volátil e pode evaporar-se depois de depositado na urna.  Daí a descontinuidade do ganho eventual, passageiro e fortuito.
Só haveria uma forma de dar consistência e continuidade à manifestação de um pleito - se  os partidos tomassem tino e montassem sistemas de formação de sues filiados, tivessem vida orgânica e  ultrapassassem os vícios cartoriais, em função dos quais é muito comum um candidato ter menos votos numa eleição do que o número de eleitores fichados em sua agremiação.


Agora é que o bicho pega - está aberta a temporada dos conchavos

Definidos os vitoriosos, começa a barra pesada do processo - as negociações nada republicanas para garantir maiorias nas câmaras municipais e atrair partidos para o condomínio do poder.

Em São Paulo já se prevê que o prefeito Gilberto Kassab, aliado passional de Serra, desembarque amanhã mesmo com os 17 vereadores eleitos à sua sombra para ajudar a compor uma maioria folgada, expediente responsável pelo avassalamento dos legislativos em todas as esferas.

Pode ser que aqui e ali alguém ouse romper com o ciclo vicioso dos conchavos. Mas a história aconselha a fazer exatamente o contrário.  Quanto mais aliados arrebanhar, independente do preço pago, mais seguro fica para blindar seu governo de questionamentos e garantir sua reeleição ou a permanência do seu grupo no Executivo.

É o velho clichê do "dá lá - toma cá", marca indelével de nossas práticas, até mesmo no tempo da ditadura, que celebrizou o  "franciscano" Roberto Cardoso Alves. Os generais  tudo podiam, mas precisavam manter as aparências de um congresso em funcionamento para consumo externo.

Estas são minhas primeiras anotações.  Vamos debatê-las ou o verão de praias ensolaradas motiva mais e pede atenção exclusiva?

domingo, 28 de outubro de 2012

TUDO DOMINADO NO VAREJO E ATACADO


Desnacionalização e revolução


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Adriano Benayon

Desde há séculos o Brasil carece de governo autônomo, capaz de promover o progresso econômico e social. A independência proclamada em 1822 não se traduziu em autonomia real, pois o País atravessou o Império e os primeiros anos da República sob tutela financeira e política da Inglaterra, até o final da Primeira Guerra Mundial, e do império anglo-americano desde então.

Os lampejos de autonomia duraram pouco, logo apagados por intervenções da oligarquia mundial. Assim, nos anos 1840 com a tarifa Alves Branco, uma tentativa de viabilizar o surgimento de indústrias nacionais. Também, com os empreendimentos abrangentes do Barão de Mauá, dos anos 1850 aos 1880, e com iniciativas limitadas, como a fábrica de linhas de Delmiro Gouveia em Alagoas, 1912-1917.

Os avanços na redução da dependência econômica foram contidos ou anulados pela dependência política. E esta decorreu da subordinação da economia agrária e exportadora de bens primários aos interesses comerciais e industriais de potências estrangeiras.

Quando Getúlio Vargas, promoveu maior grau de autonomia nacional - de 1934 a 1945 e de 1951 a 1953 - as potências hegemônicas - coadjuvadas pelas “classes conservadoras” locais e pela mídia venal – montaram complôs para desestabilizar e derrubar o governo.

Como Vargas antes, João Goulart, em 1962-1963, não se precaveu diante das maquinações imperiais, tarefa difícil em regime “democrático” no qual o poder financeiro determina o processo político.

Mesmo sendo escassa a proteção tarifária e a não-tarifária, e operassem no Brasil vários carteis e grandes empresas estrangeiras, surgiram numerosas indústrias de capital nacional substituidoras de importações na segunda metade do Século XIX e na primeira do Século XX.

Cito quatro livros que o demonstram: Warren Dean, A Industrialização de São Paulo (1880-1945); Edgard Carone, O Centro Industrial do Rio de Janeiro e sua Importante Participação na Economia Nacional (1827-1977), ed. Cátedra, Rio 1978; Delso Renault, 1850-1939 O Desenvolvimento da Indústria Brasileira, SESI; Eli Diniz, Empresário, Estado e Capitalismo no Brasil 1930-1945, ed. Paz e Terra, SP 1978.

O próprio Vargas só restringiu investimentos estrangeiros em poucos setores e demorou a notar o volume das remessas de lucros ao exterior, o que está longe de ser único dos prejuízos que eles causam à economia.

As potências imperiais realizaram seus objetivos a partir de Café Filho, fantoche dos entreguistas civis e militares (1954). JK, eleito em 1955, pelos votos getulistas, ampliou os benefícios ao capital estrangeiro.

Daí não terminou mais a escalada de desnacionalização, não obstante se terem criado estatais na área produtiva - privatizadas de forma vergonhosa a partir de 1990 - tendo o Estado feito também investimentos nas infra-estruturas econômica e social.

O poder público subsidiou as transnacionais, e esmagou empresas nacionais.

Resultado: em 1971 o capital estrangeiro já controlava setores importantes: mercado de capitais 40%; comércio externo 62%; serviços públicos 28%; transportes marítimos 82%; transporte aéreo externo 77%; seguros 26%; construção 40%; alimentos e bebidas 35%; fumo 93,7%; papel e celulose 33%; farmacêutica 86%; química 48%; siderurgia 17%; máquinas 59%; autopeças 62%; veículos a motor 100%; mineração 20%; alumínio 48%; vidro 90%.

Em 1971 o estoque de investimentos diretos estrangeiros (IDEs) não chegava a US$ 3 bilhões. Em 2011 atingiu US$ 669,5 bilhões.

O montante de 2011 é 40 vezes maior que o de 1971 atualizado para US$ 16, 6 bilhões. No período, o PIB, em dólares corrigidos, só se multiplicou por 6.

Os IDEs referem-se só às empresas com maioria de capital estrangeiro, não aos “investimentos estrangeiros em carteira” (participações no capital de empresas e aplicações em títulos públicos e privados). Esses acumularam US$ 597 bilhões até 2011. Os empréstimos, US$ 190 bilhões. A soma dá quase US$ 1,5 trilhão.

É fácil emitir dólares do nada e com eles comprar ativos. Mais: grande parte dos IDEs é reinvestimento de lucros, e quantia muitíssimo maior que a dos ingressos foi remetida ao exterior a título de lucros, dividendos, juros, afora os ganhos camuflados em outras contas do balanço de transações correntes. Disso originou-se a dívida pública, fator de empobrecimento e de dependência.

A desnacionalização prossegue galopante. Conforme a “Pesquisa de Fusões e Aquisições” da consultoria KPMG, 247 empresas foram adquiridas por transnacionais de janeiro a setembro de 2012. Em todo 2011 haviam sido 208. De 2004 para cá foram 1.247.

Em 2012 destacam-se: tecnologia da informação (33); serviços para empresas (20); empresas de internet (19); supermercados, açúcar e álcool (35); publicidade e editoras (10); alimentos, bebidas e fumo (10); mineração (9); óleo e gás (8); educação (7); shopping centers (7); imobiliário (7).

Ainda mais estarrecedora que a avassaladora ocupação da economia brasileira é a persistência na mentalidade de que os investimentos estrangeiros beneficiam a economia.

Não houve evolução, desde os anos 50 e 60, no entendimento da realidade. Continuam sendo escamoteadas as causas do enorme atraso tecnológico do País e disto tudo: pobreza, insegurança, infra-estrutura lastimável, desagregação social, desaparelhamento da defesa e cessão de territórios a pretexto de proteção ao ambiente e a indígenas.

O impasse da economia brasileira, prestes a desembocar em dificuldades ainda maiores, sob o impacto da depressão nos países centrais, decorre das percepções errôneas, subjacentes às recomendações da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina da ONU) e à política “desenvolvimentista” de JK.

Estas foram as falsas premissas, ainda não atiradas ao lixo, como deveriam ter sido há muito tempo: 1) a industrialização como meta em si mesma, independente da composição nacional ou estrangeira e do grau de concentração do capital; 2) o capital estrangeiro tido por necessário para suprir pretensa insuficiência local de recursos.

As políticas decorrentes dessas ideias redundaram na desindustrialização e na descapitalização do País. Ignora-se a experiência histórica – sempre confirmada - de nunca ter existido real desenvolvimento em países nos quais predominem os investimentos estrangeiros.

Recorde-se que, de 1890 a 1917, ano da débâcle na guerra e da revolução, o volume de investimentos estrangeiros na Rússia foi cerca de três vezes superior ao do capital nacional.

Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento, editora Escrituras, SP.



SISTEMA UTÓPICO... ENGANADOR...


A Verdadeira Finalidade do Socialismo

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por David Barboza

A mãe do Primeiro Ministro da China era uma professora no norte da China. Seu pai foi condenado a cuidar de porcos numa das campanhas políticas de Mao Tsé Tung. E durante minha infância, "minha família era extremamente pobre", disse o premiê Wen Jiabao, num discurso no ano passado. Mas agora, aos 90 anos, a mãe do Primeiro Ministro, Sra. Yang Zhiyun, não só deixou a pobreza para trás, mas se tornou ultrajantemente rica, pelo menos no papel, conforme os registros corporativos e regulamentares. Em apenas um dos investimentos em seu nome, numa grande empresa chinesa de ‘serviços financeiros’, o montante a ela consignado era de 120 milhões de dólares, há cinco anos, como mostram os registros.

Os detalhes de como a Sra. Yang, viúva, acumulou tamanha riqueza não são conhecidos, ou mesmo se ela tinha ciência do grupo de empresas que constam em seu nome. Mas isso só aconteceu depois que seu filho foi elevado à elite dominante da burguesia do politiburo da China, primeiro em 1998, como vice-primeiro-ministro e segundo, cinco anos depois, como primeiro ministro.

Muitos parentes de Wen Jiabao, incluindo seu filho, filha, irmão mais novo e cunhado, se tornaram extraordinariamente ricos, durante o seu governo, como mostra uma investigação do jornal americano de esquerda ‘The New York Times’. Uma revisão de registros corporativos e regulamentares indica que parentes do primeiro ministro – alguns dos quais, inclusive sua esposa, passaram a controlar ativos que totalizam pelo menos 2,7 bilhões de dólares em valores de 2007. Os números são semelhantes aos demonstrados pela revista FORBES, no caso da família do ex-presidente Lula da Silva, do Brasil.

Em muitos casos, os nomes dos parentes foram escamoteados e blindados por trás de camadas de parcerias com terceiros e investimentos- laranja envolvendo amigos e cupinchas de uma verdadeira quadrilha formada por parceiros em negociatas escusas e práticas inconfessáveis. Ao desembaraçar as suas ‘participações financeiras’ se tem uma visão incomum e extraordinariamente detalhada de como pessoas ligadas politicamente ganharam dinheiro espúrio e enriqueceram pelo fato de estarem na interseção do governo com empresas a partir da sua influência de estado e da riqueza privada que cresceu rapidamente paralelamente à grande expansão da economia capitalista estatal da China.

Diferentemente da maioria das novas empresas que se formaram na China, os empreendimentos familiares, por vezes, recebem apoio financeiro de empresas estatais, incluindo a ‘China Celulares’, uma das maiores operadoras de telefonia móvel do país, conforme mostram os documentos. Em outros momentos, tais empreendimentos conquistaram o apoio de alguns dos mais ricos magnatas da Ásia. O NY Times descobriu que os parentes do Sr. Wen acumulam ações em bancos, joalherias, resorts turísticos, empresas de telecomunicações e projetos de infraestrutura, às vezes usando entidades ‘offshore’. Tais aglomerados empresariais incluem um projeto de desenvolvimento de cidades em Pequim, uma fábrica de pneus no norte da China, uma empresa que ajudou a construir alguns dos estádios olímpicos de Pequim, incluindo o nem conhecido "Ninho do Pássaro", e a seguradora ‘Ping An', uma das maiores do mundo, para assistência financeira a empresas.

Como primeiro ministro de um país cuja economia permanece estatizada, Wen, que é mais bem conhecido por seus modos simples e seu bom senso, tem, como mais importante, a ampla autoridade de mando sobre as principais indústrias onde seus parentes têm feito suas fortunas. Como as empresas chinesas não podem fazer figurar suas ações em qualquer bolsa de valores sem a aprovação de agências supervisionadas pelo Sr. Wen, por exemplo, ele e seus prepostos do politiburo do PCC têm o poder de “influenciar os investimentos” em setores estratégicos como energia e telecomunicações.

Pelo fato de o governo chinês raramente fazer públicas a maioria das suas deliberações, não se sabe qual o papel que – caso haja – Wen, já com 70 anos, exerce por já ter atuado na maioria das políticas e decisões regulamentadoras em toda a história do governo comunista da China. Mas, em muitos casos, seus parentes têm procurado tirar proveito das oportunidades possibilitadas por essas decisões.

Por essas e outras, não é uma mera coincidência que as coisas no Brasil (bem como na quase totalidade dos países socialistas) sigam o mesmo estilo e o mesmo parâmetro. O que o fim do século XX e o início do atual têm sobejamente demonstrado é que o ‘socialismo’, na verdade, é um sistema de dominação, de poder, onde um grupo consegue se isolar no governo como “partido único” e, a custa do trabalho semiescravizado do povo, se organiza numa restrita burguesia estatal e usa os princípios do mercado e da economia para enriquecimento próprio e distribuição de migalhas à população, dourando a pílula com uma dialética que finge proteger os mais pobres, enriquece os mais ricos, através do fomento do ódio às diferenças sociais, culturais e raciais existentes no tecido social. O capitalismo de estado é um grande negócio de poucos e um péssimo negócio de muitos.

David Barboza é Jornalista. Originalmente publicado pelo “The New York Times” em 5 de outubro de 2012. Tradução de Francisco Vianna. Leia o artigo completo em inglês pelo link: