Sujeira para todo lado
26/11/2012 - 08:08:00
Seria exagero dizer que
corrupção é exclusividade do PT. Infelizmente, ela se manifesta, em diferentes
proporções, em qualquer governo. Mas o que realmente chama atenção e assombra é
como, nas gestões petistas, as falcatruas acontecem perto, muito perto, dos
mais estrelados gabinetes, inclusive o presidencial.
Aconteceu de novo na
sexta-feira, quando a Polícia Federal prendeu seis pessoas e indiciou mais 12,
acusadas de fraudar pareceres em pelo menos sete órgãos federais. Entre os
indiciados está a chefe de gabinete do escritório da Presidência da República
em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, e o segundo na hierarquia da
Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda Alves. Entre os presos, estão dois
diretores de agências reguladoras.
Rosemary é a peça mais vistosa
de mais esta rede de corrupção instalada no coração do poder petista. Ocupa o
cargo desde 2003, nomeada por Lula, a quem também sempre acompanhava em viagens
presidenciais e para quem marcava frenéticas reuniões com empresários. Antes
disso, durante 12 anos esteve ao lado de José Dirceu. Agora, ela vai responder
por corrupção ativa - quem sabe, com o desenrolar das investigações, não venha
a fazer companhia a Dirceu na cadeia?
Quando os policiais chegaram ao
apartamento de Rosemary, na região central de São Paulo, às 6h de sexta-feira,
a primeira providência dela foi ligar para Dirceu e pedir-lhe socorro, conforme
revelou a Folha
de S.Paulo ontem. O PT está em pânico com o que a mulher que mantém
estreitas ligações com a alta cúpula do partido dos mensaleiros pode vir a
revelar. É preciso ouvi-la.
"Rosemary é conhecida por sua
instabilidade emocional. Ela chora a todo instante. Em alguns momentos, chega a
fazer ameaças - conforme os relatos - dizendo que não vai perder tudo sozinha e
que não verá sua vida ser destruída sem fazer nada. 'Não vou cair sozinha',
avisou", informa hoje O
Estado de S.Paulo. Há muito a ser desnudado.
Hoje O
Globo mostra ligações entre o esquema revelado na sexta-feira e o
mensalão. Um dos envolvidos, Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência
Nacional de Águas (ANA), preso na sexta-feira e apontado pela PF como o chefe
da quadrilha, mantinha intensa troca de telefonemas com o deputado Valdemar
Costa Neto, recém-condenado pelo STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro
e formação de quadrilha. Foram pelo menos 1.179 ligações.
Paulo Vieira chegou ao cargo
depois de uma manobra espúria no Senado. Seu nome foi rejeitado pelos senadores
em duas votações, mas, numa iniciativa inédita, foi novamente levado à apreciação
do plenário, com as bênçãos de Lula. Em abril de 2010, Vieira finalmente
recebeu aval para instalar-se na ANA e tocar de lá sua rede de negócios
escusos.
Mas a agência das águas não é o
único órgão regulador envolvido nas maracutaias: Rubens Vieira, irmão de Paulo e diretor da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), também foi preso pela PF, sob acusação de também criar
dificuldades para vender facilidades. Registre-se que lá, em novembro de 2010,
Rosemary conseguiu emplacar sua filha, Mirelle, como assessora da diretoria de
Infraestrutura, conforme O
Globo.
Reconheça-se
que Dilma Rousseff agiu certo ao exonerar e afastar, já no sábado, os
envolvidos na rede de escândalos. Mas não deixa de ser reprovável que, antes de
decidir o que fazer com Rosemary, a presidente tenha primeiro "consultado"
Lula, que teria "resistido" à ideia da demissão, informou a Veja
Online.
"Não
se explicou, claro, por que então a presidente manteve Rosemary no cargo por
dois anos e permitiu que os cúmplices dela dirigissem e dilapidassem as
agências reguladoras. Nada se falou, também, sobre Dilma ter transformado o
gabinete paulistano no bunker de onde avaliou as eleições municipais na
companhia de Lula e de cardeais do PT", comenta Melchiades Filho hoje na Folha.
O
que parece claro é que, atuando muito próximo das quatro paredes presidenciais
de onde de urdiu o mensalão, gente como Rosemary, os irmãos Vieira e o segundo homem na hierarquia da AGU - que há apenas
11 dias tinha sido nomeado por Dilma para um órgão que irá movimentar bilhões
de reais do fundo de previdência complementar dos servidores públicos, como
mostra hoje o Correio
Braziliense - tenham se sentido à vontade para também se locupletar.
Eles são apenas os
mais novos nomes de uma lista que tem Erenice Guerra, Valdomiro Diniz e muitos
outros. São o novo episódio de uma série que no ano passado levou sete
ministros a serem defenestrados sob suspeita de corrupção. São mais um capítulo
do assalto que o PT perpetra ao Estado. Quando o mau exemplo vem de cima, a
sujeira se espalha para todo lado.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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