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sábado, 3 de novembro de 2012

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 'Veja': PT pediu ajuda a Valério no caso Daniel


 Esse caso precisa ser apurado!

O Globo - 03/11/2012

Segundo revista, operador do mensalão relata tentativa de envolver Lula na morte do prefeito de Santo André

SÃO PAULO E BRASÍLIA A revista "Veja" desta semana afirma que o operador do mensalão, Marcos Valério, acusou a cúpula do PT de pedir que ele desse dinheiro para calar o empresário Ronan Maria Pinto, que ameaçava envolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na morte, em 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).

De acordo com a publicação, Valério, já condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 40 anos de prisão, relatou que nos primeiros meses de 2003, no começo do governo Lula, foi convocado pelo então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, para uma conversa com Ronan, que é alvo de ações do Ministério Público por participação em suposto esquema de corrupção na prefeitura de Santo André.

O empresário, dono de empresas de ônibus e coleta de lixo, ameaçaria envolver Lula e o então chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, no caso. Segundo a revista, ao receber a missão de levantar dinheiro para apaziguar Ronan, Valério teria reagido dizendo: "Eles achavam que (o pagamento) ia ser através de mim e eu falei assim: Nisso aí eu não meto, não""

A revista não traz provas de que o encontro entre o operador do mensalão e o empresário realmente existiu. Procurado, Ronan informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a história é "absurda" e que jamais se encontrou pessoalmente com Valério. O advogado de Silvio Pereira, Gustavo Badaro, disse que seu cliente nega o episódio.

Ele (Silvio Pereira) disse que isso nunca existiu. É uma fantasia - afirmou o advogado.

A assessoria do Instituto Lula informou que não comentaria acusações não confirmadas.

Há sete semanas, "Veja" também havia publicado uma reportagem contando que Valério relatou a amigos e parentes que Lula seria o chefe do mensalão e tinha conhecimento da existência do esquema. Na semanada passada, o diretor de redação da revista, Eurípedes Alcântara, afirmou ao portal "Comunique-se" que a publicação possui uma gravação com a acusação feita pela operador do mensalão, mas que considerava desnecessário divulgá-la.

O prefeito Celso Daniel foi encontrado morto em janeiro de 2002, dois dias depois de ser sequestrado. De acordo com a investigação do Ministério Público, o crime teria sido planejado pelo empresário Sergio Gomes da Silva, o Sombra, que estaria contrariado porque Daniel pretendia por fim ao suposto esquema de corrupção.

A declaração de Valério à "Veja" provocou reações no PT e na oposição. Os líderes do DEM e do PSDB no Senado, mesmo considerando as acusações graves, foram cautelosos e disseram que vão aguardar a atuação da Procuradoria-Geral da República na investigação.

São assuntos gravíssimos, que carecem de confirmação. O mais importante é o depoimento dado por ele ao Roberto Gurgel - defendeu o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).

Já o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), disse que Valério não tem "a menor credibilidade".
Marcos Valério é uma pessoa condenada, está na fase de desespero, porque vai para a cadeia. O PT pagou um alto preço por ter se relacionado com esse senhor. Marcos Valério não merece e não tem o mínimo de credibilidade. Ele teve a oportunidade de falar no processo, mas não falou - disse Tatto.

Já o ministro Gilberto Carvalho não quis se manifestar, limitando a enviar, por meio da assessoria, a nota que já havia enviado à revista, na qual nega as acusações: "O ministro Gilberto Carvalho nunca teve conhecimento de qualquer ameaça ou chantagem feita pelo sr. Ronan Maria Pinto, diretamente ou por terceiros. O ministro nunca teve qualquer contato com o sr. Marcos Valério, nem pessoalmente, nem por email, telefone ou qualquer outro meio. O ministro desconhece absolutamente a suposta denúncia apresentada pela revista Veja", diz a nota.

No Palácio do Planalto, a ordem era evitar comentários oficiais, pois isso só acabaria dando força a algo que não consideram verdadeiro.



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