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quinta-feira, 5 de julho de 2012

SEM MODERNIZAÇÃO...DÁ NISSO.


- Marcha a ré na indústria




Correio Braziliense -

 Dados divulgados na quarta-feira pelo IBGE confirmam temores do governo e dos empresários: a indústria brasileira não é uma ilha na crise que abala a economia, sobretudo dos países desenvolvidos. Ao contrário. Faz parte do arquipélago global. O setor amargou o nono recuo seguido — 4,3% na produção de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o pior desempenho desde setembro de 2009, quando o tombo bateu em 7,6%.
O declínio se mantém apesar dos R$ 102 bilhões embalados nos sete pacotes de estímulo lançados por Dilma Rousseff desde o início do mandato — quatro vieram à luz em 2012. Não é pouca coisa. O montante das benesses, superior ao orçamento da Saúde para este ano (R$ 72,1 bilhões), equivale à arrecadação mensal da União.
Causas externas e internas explicam a preocupante decadência. A crise mundial, que atinge os principais mercados consumidores de manufaturados, reduziu o intercâmbio comercial. Os Estados Unidos não parecem prestes a chegar ao fim do túnel. O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a projeção para o crescimento da economia norte-americana este ano de 2,1% para 2%. Em 2013, talvez fique aquém de 1%. O deficit fiscal e a dívida pública não descortinam horizonte menos carregado.
A consequência da realidade sombria da locomotiva do mundo não se restringe ao território estadunidense. Agrava as agruras das nações europeias, já claudicantes com as dificuldades que o tempo multiplica. E atinge a Ásia e a América Latina. Nesse contexto pessimista se encontra a indústria brasileira, que, vale repetir, faz parte do sistema global.
Mas o inferno não são só os outros. Somos, sobretudo, nós. As medidas do governo não obedeceram a plano estratégico capaz de tornar o setor mais competitivo. Evitam o pior, sem modernizar, sem investir em melhorias futuras. Pontuais, destinam-se a segmentos com forte poder de pressão. É o caso da indústria automobilística e da linha branca. A carga tributária, os juros altos, o elevado preço da energia e a precariedade da infraestrutura contribuem para o custo da produção. A falta de inovação também responde por parcela do quadro pessimista.
O câmbio, apontado como um dos vilões do baixo desempenho industrial, entrou nos trilhos. Mas não foi suficiente para empurrar locomotiva tão pesada, tão emperrada e cheia de obstáculos no caminho. As pressões do cenário externo adverso apenas acentuam velhas fragilidades da economia nacional. Os trilhos das reformas estruturais são longos, mas precisam ser percorridos já. Sem fazê-lo, corre-se risco de não encontrar luz no fim do túnel.

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