A mistificação na política |
Carlos Alberto Fernandes* No mundo soviético desenvolveu-se a politização da arte no sentido de se fazer a propaganda com fins estritamente políticos. Na Alemanha nazista instituiu-se a estetização da política. Para Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, “a política era a mais elevada e mais compreensiva de todas as artes” e por isso os políticos tinham a missão e a responsabilidade de moldar a partir da “massa bruta,” a imagem sólida e plena da nação. Na Itália fascista, para Benito Mussolini, a política era a arte suprema, a arte das artes, a divina entre as artes porque trabalhava sobre a matéria mais difícil, o homem. No Brasil de hoje e, particularmente em Pernambuco, as ideias propagadas nas campanhas políticas estão impregnadas pelos mesmos mecanismos utilizados naquelas experiências totalitárias. Agora, ajudadas pela tecnologia da informação e da comunicação, tudo se mistura numa mistificação plena. Uma engenharia de rara perplexidade. Nesse contexto, o marketing vem sendo continuamente exercitado como produto das ações dos governos, sendo transformado num importante recurso de gestão pública. Todavia, a práxis política parece jamais conduzir ao atendimento de todas as necessidades humanas, infelizmente. Mas as promessas se renovam muito mais motivadas pelos desejos de um poder extremo do que pela capacidade de realizá-las. A sedução das massas através do populismo, discursos messiânicos, apelo nacionalista, chauvinismo cultural, etc. é, nas nossas campanhas eleitorais, o modus operandi comum a todas as legendas e ideologias. Isto porque, o homem apesar do seu aparente desenvolvimento, tem uma mentalidade que é ainda do homem das cavernas, apenas recoberta de uma fina camada do que chamamos de espírito civilizado. Em tempos de crise, também vivemos em um mundo dicotômico: do sim ou do não, do pró ou do contra. Nesse estado permanente de guerra seja pela sobrevivência, seja pelo consumo desmedido, o espírito natural do homem torna-se predominante. Essa situação faz ressurgir nossa mentalidade selvagem: o que nos ajuda é bom, o que não o faz é mau. É assim que surgem as palavras e os símbolos como tábuas de salvação. Não obstante, seja em Pernambuco ou em qualquer outra parte, apesar de toda a arte e ciência para influenciar pessoas; ainda não se encontrou uma solução política que incorpore as contradições da natureza humana seja no plano individual, ou coletivo. Assim, nem a arte da política, nem tampouco as artimanhas científicas do marketing, jamais vão fazer os governos cuidarem de forma adequada da felicidade dos indivíduos porque nenhuma instituição humana tem esse poder. Não obstante, a anestesia das massas através dos discursos falaciosos se mantém. Apesar dos pesares. *Economista e professor da UFRPE Fonte:http://www.blogdomagno.com.br/ |
segunda-feira, 23 de julho de 2012
A IGNORÂNCIA DAS MASSAS É PLANO DAS ELITES
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