Em depoimento, Cachoeira faz declarações de amor
Em depoimento à Justiça Federal, bicheiro diz que se casará no primeiro dia depois que deixar a prisão. Sobre questões relacionadas à Operação Monte Carlo, no entanto, Cachoeira preferiu o silêncio. Os outros réus também preferiram não responder às perguntas
Das poucas coisas que falou, Cachoeira disse estar se sentindo como um “leproso jurídico”. Cachoeira ouviu as perguntas do juiz Alderico Santos, responsável pela ação penal, mas preferiu usar o direito de não respondê-las. No entanto, ao ser questionado se era casado, o contraventor disse que aquela era uma pergunta difícil porque não é casado oficialmente. Em seguida, olhou para trás, onde estava sentada sua companheira Andressa Mendonça e afirmou que se casaria no primeiro dia depois que deixar a prisão. No início do interrogatório, o bicheiro prestou outra prova de amor à mulher ao dizer que ela havia lhe dado “uma nova vida”. E concluiu: “Eu te amo, tá?”.
Casa que era de Marconi Perillo
Cachoeira foi questionado ainda sobre seu endereço. Primeiro, ele afirmou não saber, mas depois informou o endereço da casa onde foi preso. O imóvel pertenceu a Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás. Ele volta para a penitenciária da Papuda, em Brasília, onde permanecerá preso.
Antes do depoimento de Cachoeira, a defesa dos réus da Operação Monte Carlo tentou adiar as audiências. Os advogados queriam que todas as pessoas citadas nos depoimentos dos agentes da Polícias Federal fossem ouvidos. No entanto, o juiz negou os pedidos.
Hoje foram ouvidas as testemunhas de acusação, pela manhã, e à tarde, os acusados na ação. O Ministério Público Federal defende a pena média de 20 anos de prisão para Cachoeira e de 10 a 15 anos para os demais acusados.
“Silêncio orquestrado”
O primeiro a depor foi Lenine Araújo, que disse ser primo de Cachoeira. Ele voltou a negar envolvimento com a quadrilha. Em seguida, o ex-vereador Wladimir Garcez afirmou que o processo se refere a um homônimo. Quando depôs na CPI, não foi essa a versão de Garcez que, na ocasião, admitiu conhecer Cachoeira. O terceiro réu foi Gleyb Ferreira, apontado como auxiliar do contraventor. Ele está preso e chorou durante a audiência. O quarto a depor foi Cachoeira. Em seguida, foram ouvidos Idalberto Matias, o Dadá, e José Olímpio de Queiroga Neto. Por último, foi chamado Raimundo Washington. O oitavo réu arrolado no processo é Geovani Pereira da Silva. Acusado de ser o contador do grupo, ele está foragido.
De acordo com a procuradora da República, Léa Batista, a falta de respostas dos réus já era esperado pela acusação. Ela afirmou que foi um “silêncio orquestrado” que já é comum nas organizações criminosas. Mas a procuradora garantiu que tal fato não invalida o julgamento porque as provas já estão nos autos.
Encontros
Pela manhã, dois agentes da Polícia Federal foram ouvidos como testemunhas de acusação. O primeiro depoente do segundo dia de audiências da Operação Monte Carlo, o agente da Polícia Federal Renato Moreira, confirmou que presenciou encontros entre integrantes do grupo de jogos ilegais, comandado por Cachoeira, com delegados federais.
O policial afirmou que Gleyb Ferreira da Cruz, que seria empregado de Cahcoeira, esteve com o delegado federal Deuselino Valadares, e o delegado federal Fernando Bayron se encontrou com o bicheiro. Segundo Moreira, os encontros serviriam para que dinheiro fosse entregue aos agentes. A PF teria chegado a tal conclusão por contextualização fática, ou seja, a ligação dos fatos relacionados ao objeto da investigação.
No entanto, Moreira disse que não viu nenhum dinheiro em espécie e não respondeu se viu pacotes sendo repassados, mas pelos relatórios e pela análise das transações financeiras, pode perceber que os réus exploravam jogos de azar. No entanto, não encontrou nenhuma promessa de pagamentos entre os envolvidos.
Julgamento
Segundo o juiz Alderico, o processo da Operação Monte Carlo poderá demorar um mês para ser julgado. Na abertura das audiências de hoje, o juiz pediu celeridade aos advogados de defesa e procuradores da República. O magistrado ressaltou que mesmo que haja a condenação, os réus soltos poderão ser presos apenas depois do trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.
Durante as audiências, Alderico confirmou que tem amizade com alguns dos advogados de defesa que atuam no caso e com procuradores, mas garantiu que julgará baseado nos fatos.
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