Para 'Economist', julgamento do mensalão é avanço contra 'cultura da impunidade'
DA BBC BRASIL
A revista britânica "The Economist "diz, em sua edição desta semana, que o julgamento do escândalo do mensalão é um sinal de que o Brasil está fazendo avanços na luta contra sua "cultura de impunidade dos poderosos".
O STF (Supremo Tribunal Federal) começará a julgar o caso no dia 2 de agosto. "Que o caso do 'mensalão' tenha pelo menos chegado ao tribunal é um progresso: a prisão de políticos corruptos (no Brasil) pode ainda ser improvável, mas não é mais impensável", afirma a Economist.
Citando o retorno de Fernando Collor ao Senado após o impeachment de 1992 e a eleição de Paulo Maluf para o Congresso, a matéria, intitulada "Justiça Atrasada", ressalta que uma má reputação nunca foi impedimento para que políticos desonestos continuassem a avançar em sua carreira política no Brasil.
Ela menciona que é preciso o aval do Congresso para investigar parlamentares e ministros e que só o Supremo pode julgá-los. Também defende que reformas "ambiciosas" são necessárias para que o Brasil possa lidar com a questão da impunidade em um futuro próximo, mas sublinha avanços recentes na área.
Segundo a Economist "uma maior transparência sobre os gastos públicos" está dificultando o roubo de recursos do tesouro" no Brasil.
A matéria diz que agora "órgãos reguladores fortes" podem suspender projetos aprovados pelo governo, se eles suspeitarem que os orçamentos foram inflados, mas faz a ressalva de que o esquema pode ser driblado em situações classificadas como urgentes, "como a construção de estádios para a Copa de 2014".
Outra mudança mencionada pela Economist é a entrada em vigência da Lei de Acesso à Informação, que amplia a transparência nos gastos públicos.
A Economist cita o analista João Castro Neves, da consultoria Eurasia Group, para quem, hoje, para ser corrupto no Brasil "é preciso ser mais criativo" do que há dez ou 15 anos.
Para a revista, a presidente Dilma Rousseff não deve ser atingida pelo julgamento do mensalão porque nenhum dos acusados é próximo a ela e porque, ao derrubar ministros acusados de corrupção no início de seu mandato, Dilma reduziu o risco de ser atingida "por associação".
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