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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Copa do Mundo, Corda Bamba e Desvarios no País do Carnaval


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

 




Artigo no Alerta Total – http://www.alertatotal.net
Por Marcos Bueno

Temos mais um panorama preocupante sobre as condições estruturais brasileiras para o andamento do projeto da Copa do Mundo de 2014.

No final de janeiro de 2012, um prédio desabou, desencadeando o desabamento de mais dois no centro do Rio de Janeiro, deixando 17 mortos, cinco desaparecidos e centenas de feridos. A princípio o leitor poderia perguntar o que isso tem a ver com Copa do Mundo. A questão é que a região central concentra centenas de hotéis e quase todos os prédios da Av. Rio Branco e adjacências estão grudados uns nos outros.

Muitos alegam que alguns prédios têm mais de 70 anos e quem conhece a região ou trabalha por lá sabe que as condições estruturais destes prédios são precárias. Parece-me que a tragédia do estádio Fonte Nova ocorrida em 25 de novembro de 2007, onde parte da arquibancada desabou matando sete pessoas, ainda não serviu de alerta.

Outro ponto de alerta paira sobre as dúvidas a respeito da ética e honestidade nos serviços públicos. Durante a retirada dos escombros do acidente no Rio de Janeiro, quatro funcionários de uma firma contratada pelo Poder Público foram flagrados roubando pertences das vítimas do desabamento. A mídia internacional questionou bastante a capacidade do Brasil em sediar uma Copa.

As greves deflagradas recentemente também evidenciam a fragilidade da gestão emergencial de uma Copa. Com os prazos apertados e os comitês pressionando, muitos trabalhadores entraram em greve reivindicando reajustes salariais e outros benefícios. Tudo funciona como uma bola de neve.

Os trabalhadores têm noção dos escândalos de superfaturamento das obras, sabem que qualquer parada representaria um significativo atraso e mais pressão dos comitês, mídia e público.

Nilson Duarte, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada (Sitraicp), alertou para o tempo de greve:

"Essa greve já está se estendendo. Com sábado, domingo e feriados vai dar quase um mês de paralisação. Vamos ter um impacto disso no final da obra. A Copa das Confederações vai ser em julho de 2013 e, com a greve, a coisa pode degringolar", afirmou ao Lancenet.

Muito embora alguns cronogramas estejam dentro do projetado, Jérôme Valcke, membro do Comitê Organizador, elogiou o empenho da cidade de Fortaleza mas criticou a cidade de Natal, pois as obras do Arena Dunas pouco avançaram em vistas do cronograma. O próprio Valcke fez insinuações sobre o fato de a Copa funcionaria muito bem com dez sedes, observação esta que serviria de alerta a qualquer um.

Ainda em relação às greves, outro dado estarrecedor refere-se ao que vem acontecendo em um estado que também será sede da Copa do Mundo de 2014. No dia 1º de fevereiro, Policiais militares afiliados à Associação de Policiais e Bombeiros e de Seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) decidiram entrar em greve. O caos e a insegurança reinaram no estado baiano, necessitando da intervenção do exército. Em apenas uma semana de greve, 93 assassinatos já ocorreram nas ruas.

Os projetos de privatização dos aeroportos estão saindo tarde demais, a apenas dois anos da Copa. Muitos especialistas sugeriram de cinco a seis anos o tempo necessário para um projeto de expansão dos aeroportos.

Enquanto isso, os orçamentos vão crescendo em escalada exorbitante. Comparando com os dois últimos países sedes, a estimativa é que o Brasil gaste 33 bilhões de reais (18 bilhões de dólares) em investimentos, sendo que algumas estimativas privadas já contabilizam até 60 bilhões de dólares.

A África do Sul, por exemplo, gastou cerca de 4 bilhões de dólares para organizar a Copa de 2010. A Alemanha, por já contar com uma infraestrutura pública consolidada, pouco gastou neste aspecto. A reforma de 10 estádios e a construção de dois novos estádios custou pouco mais de 1,5 bilhões de euros.

Tanto que o procurador-geral de Justiça do Amazonas, Athayde Ribeiro da Costa, mesmo favorável à Copa, apresenta uma opinião diferente dos demais políticos, considerando as obras como parte de uma tendência de desperdício e mau planejamento, num momento em que o País se apressa para compensar atrasos ao longo do percurso.

Releia os artigos:

De maio de 2011: Já temos capacidade, infra e logística para a Copa do Mundo? http://www.fiquealerta.net/2011/05/ja-temos-capacidade-infra-e-logistica.html

E de 24 de outubro de 2011: Tabela da Copa de 2014: O caos logístico continua

Marcos José Corrêa Bueno, formado em Economia e mestre em Engenharia de Produção e especialista em Logística, é Professor universitário. 
 

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