Publicado em 19/02/2012
Republicado em 21/02/2012
Republicado em 21/02/2012
Carnaval subordinado ao mercado
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É carnaval. Muita gente vai perguntar: e daí? Daí
que a maioria cai na folia e muitas vezes não se dá conta que a festa
está deixando de ser popular para se institucionalizar na base do deus
mercado. As escolas de samba entraram nessa lógica e hoje os desfiles
viraram espetáculo industrializado com regras castradoras. E para
assistir no sambódromo o custo é alto.
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O tema é polêmico por natureza. Outro exemplo é dos
blocos de rua. Agora, o senso comum anda entoando a cantiga segundo a
qual o carnaval de rua ressurgiu com o monobloco etc e tal. Não é
verdade, antes da apropriação industrial dos blocos como começa a
acontecer, o carnaval de rua sempre se fez presente. Neste 2012 tem até
bloco que nem apresenta samba ou marcha, optando pelos Beatles e se
dizendo responsável pelo “ressurgimento” do carnaval de rua.
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As exigências que a prefeitura cria para permitir o
desfile dos blocos são tantas que muitos desistiram de seguir as normas.
A burocratização do carnaval faz parte do esquema industrial que visa a
tornar a festa apenas uma fonte de lucros para poucos, como determina a
lógica do capital.
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Mas, enfim, como o tema é muito sério e complexo,
tem muito folião que considera tal discussão chata. Prefere então
embarcar na festa, sem perceber que com o andar da carruagem em pouco
tempo o carnaval vai se afunilar e será para poucos pagando muito, como
exige o mercado.
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Tem mais. Nestes dias de Carnaval, muita coisa que
acontece por aqui e pelo mundo afora fica em segundo plano. A mídia de
mercado aproveita o embalo e não divulga questões relevantes. É o caso
da repercussão que poderia ter um fato ocorrido na França e que envolve
uma empresa conhecida nesta plagas abençoadas por Deus e bonita por
natureza.
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A empresa estadunidense Monsanto foi julgada por um
Tribunal da cidade de Lyon, na França, e considerada legalmente
“responsável” pela intoxicação de um agricultor. Foi uma decisão
judicial em primeira instância e a empresa deverá apelar, o que
retardará a decisão final. Mesmo assim, a primeira decisão pode ser
considerada uma vitória, pois remete a questão para o debate e
questionamento da Monsanto.
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É importante os brasileiros serem informados a
respeito do acontecido na França, porque de um modo geral a Monsanto por
aqui tudo pode e conta com total apoio dos meios de comunicação de
mercado, que ignoram os protestos e denúncias contra a empresa acusada
de provocar sérios danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas ou
manipulam o noticiário criminalizando os movimentos de protesto.
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Outro tema que continua a ocupar grandes espaços de
discussão e matérias mesmo na mídia de mercado é o que se passa em
Cuba. Recentemente, por exemplo, a TV Bandeirantes apresentou uma série
de matérias completamente manipuladas e equivocadas.
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O repórter ouviu apenas um dos lados, ou seja,
exatamente o que faz oposição ao regime e sempre com o estímulo dos
setores extremistas radicados em Miami que nunca se conformaram com a
perda de privilégios.
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Foram mostradas imagens com o objetivo de o
telespectador concluir ser Cuba um inferno na Terra e que seu povo vive
no pior dos mundos. O repórter apurou mal certos fatos, um deles ao
afirmar que o CUC, a moeda do turismo, pode ser convertido em dólar
pelos cubanos e assim sucessivamente. Esqueceu de dizer o principal, ou
seja, que o turista troca a sua moeda, dólar ou euro, pelo CUC para
então usar para os gastos em território cubano. Se reconverter, cubano
ou turista, para dólar ou euro vai perder, claro. Mas o repórter ignorou
essa obviedade.
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Os CUCs deixados pelos turistas, que em 2011 vieram
num total de dois milhões e 700 mil, permitem ao Estado cubano
aplicações nas áreas de saúde, educação, moradia etc. Ou seja, as
divisas do turismo são destinadas exatamente para a utilização em favor
do povo. Aí o senso comum prefere dizer apenas que apesar de permitido
são pouco os cubanos que têm acesso aos locais frequentados pelos
turistas.
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Saúde e educação de boa qualidade e de graça é
salário indireto. Se contabilizado, utilizando como termo de comparação
muitos países latino-americanos, europeus e mesmo os Estados Unidos,
chega-se a cifras altas e até astronômicas. E tem mais um detalhe: saúde
cara não raramente pouco acessível a muitos assalariados sem condições
de pagar planos de saúde de empresas particulares. E em não poucos
países com a saúde pública em péssimas condições.
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Mas como as reportagens objetivam apenas reforçar o
sentimento contra Cuba, mostrar a realidade sem manipulações não
interessa a mídia de mercado, muito menos ao esquema Barack Obama, que
corre atrás dos votos de Miami, onde os cubano-americanos têm peso
eleitoral.
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