Pesquisar neste Blog

domingo, 2 de fevereiro de 2014

VENCER O CAPITALISMO PODE SER META

China tecnológica

02 de fevereiro de 2014 | 2h 06


RENATO CRUZ - O Estado de S.Paulo

Quando comecei a escrever sobre tecnologia, há quase 20 anos, as grandes fabricantes de celulares eram a americana Motorola e a finlandesa Nokia. Nem se ouvia falar em empresas sul-coreanas, quanto mais chinesas. A Apple ocupava um nicho no mercado de computadores e lutava para sobreviver depois de ter defenestrado seu fundador, Steve Jobs, numa briga de conselho de administração.
Na semana passada, foi anunciada a segunda venda da americana Motorola Mobility em pouco mais de três anos, desta vez para a chinesa Lenovo. O Google, que havia negociado a empresa em 2011, desistiu de ficar com ela, depois de a unidade registrar queda de participação e perdas financeiras, além de causar conflitos com outros fabricantes que usam o sistema operacional Android.
A Lenovo, que comprou a divisão de PCs da IBM em 2005, é a maior fabricante de microcomputadores do mundo, com 18,1% de participação no quarto trimestre do ano passado, segundo a consultoria Gartner. Antes mesmo da compra da Motorola, já era a terceira maior fabricante de smartphones, depois da Samsung e da Apple, no ranking do terceiro trimestre de 2014.
Os smartphones são um mercado de larga escala e margens pequenas. Entre os cinco maiores fabricantes estão duas empresas sul-coreanas (Samsung em primeiro e LG em quarto) e duas chinesas (Lenovo em terceiro e Huawei em quinto). A americana Apple aparece no segundo lugar, apertada entre as companhias asiáticas, e vê sua participação declinar. A fatia do iPhone passou de 14,3% no terceiro trimestre de 2012 para 12,1% no mesmo período de 2013. A Motorola e a Nokia nem aparecem na lista.
Com a venda da Motorola, o Google tem a possibilidade de melhorar seu relacionamento com os fabricantes de celulares que usam Android, estremecido desde que o gigante das buscas resolveu também fabricar.
Será interessante observar os resultados da compra da Nokia pela Microsoft. Havia a ideia de que tanto o Google com a Motorola quanto a Microsoft com a Nokia procuravam reproduzir a experiência de hardware e software integrados que existe hoje na Apple.
Com a Motorola, a Lenovo quer o passaporte de entrada para o mercado americano de smartphones. Em 23 de janeiro, a empresa chinesa, que tem o governo como acionista, já havia anunciado a compra da divisão de servidores de pequeno porte da IBM por US$ 2,3 bilhões. Somados aos US$ 2,9 bilhões que planeja desembolsar pela Motorola, foram US$ 5,2 bilhões de investimentos em ativos americanos de tecnologia anunciados numa semana.
Analistas americanos falam que a Lenovo pode ter problemas em obter a aprovação dessas compras pelos EUA, já que os negócios podem ser vistos como questão de segurança nacional.

Nenhum comentário: