Foragido há três meses, ex-diretor do BB é preso na Itália
Henrique Pizzolato estava com o passaporte de um irmão morto há 35 anos em um acidente no Paraná
Documentos que lhe garantiram a fuga foram falsificados desde 2007, cinco anos antes da condenação
Foragido desde novembro de 2013, Henrique Pizzolato, o ex-diretor do Banco do Brasil condenado pelo mensalão, foi preso na manhã de ontem em Maranello, a 322 km de Roma, portando um passaporte em nome de Celso, irmão morto há 35 anos.
Segundo a Polícia Federal, Pizzolato começou a falsificar a documentação que lhe garantiu a fuga em novembro de 2007, três meses depois de ter virado réu no STF (Supremo Tribunal Federal).
Primeiro, ele tirou o documento de identidade, o CPF e o título de eleitor em nome do irmão. Em 2008, emitiu um passaporte brasileiro em nome de Celso e, em 2010, um documento italiano, também em nome do irmão.
Condenado a 12 anos e sete meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato deixou o Brasil em 11 de setembro de 2013, mais de dois meses antes de o STF expedir o pedido de prisão contra ele.
Segundo a PF, o ex-diretor do BB deixou o Brasil pela cidade de Dionísio Cerqueira (SC). Ele percorreu 1.300 quilômetros por terra até chegar a Buenos Aires. Na noite de 12 de setembro, pegou um voo para Barcelona.
A PF não sabe se ele entrou na Itália por céu ou terra. No dia 14 de setembro, Henrique Pizzolato já estava na Itália, onde comunicou à polícia que seus documentos (em nome de Henrique) haviam sido furtados na Espanha.
"Não havia nenhum registro de entrada de Henrique Pizzolato em nenhum lugar do mundo. Faltava essa peça para fechar o quebra-cabeça", explicou ontem o delegado Luiz Cravo Dórea, coordenador-geral de cooperação internacional da PF.
Segundo Dórea, foi a partir de uma informação da Itália que o mistério foi desfeito. Os italianos avisaram o Brasil que, em 2013, Celso Pizzolato requisitou a mudança de status para cidadão residente naquele país. A PF foi atrás de Celso, e descobriu que ele havia morrido em um acidente de carro no Paraná.
Registros da entrada e saída de Pizzolato na Argentina foram cruzados com as impressões digitais dele e do irmão. Concluiu-se, então, que o fugitivo estava na Itália com a documentação de Celso.
Anteontem, surgiu a pista derradeira sobre o paradeiro de Pizzolato. A polícia foi informada que um carro em nome da mulher dele, Andrea Eunice Haas, estava em Maranello.
O Fiat Punto vermelho tinha placa de Málaga, na Espanha, país onde a mulher de Pizzolato estava antes da fuga dele do Brasil.
Ambos haviam solicitado em 2010 autorização de residência na Espanha, o que fez a polícia incluir o país na investigação.
Pizzolato foi encontrado pela polícia italiana na casa do sobrinho Fernando Grando, funcionário da Ferrari em Maranello. Preso, inicialmente se identificou como Celso. Interrogado, contudo, logo admitiu a verdadeira identidade. No local foram localizados 15 mil euros.
A PF e a polícia italiana informaram que o ex-diretor do Banco do Brasil não foi preso por uso de documento falso, mas a pedido do Brasil para fins de extradição. Pizzolato, contudo, também vai responder por uso de documento falso na Itália.
Roberto Donati, oficial da polícia italiana no Brasil, explicou que o caso será entregue à Justiça italiana, responsável por definir o tempo que Pizzolato ficará preso.
À Folha, Lídia Pizzolato de Rossi, tia do ex-diretor do BB, disse ontem que ele "jogou o nome da família na lama".
Nenhum comentário:
Postar um comentário