Risco de faltar energia no Brasil em 2014
é 'mínimo', diz Lobão
No último dia 3, na véspera do apagão, ele disse que risco era 'zero'.
Para ministro, garantia maior resultaria em mais custo para o consumidor.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta sexta-feira (14) que o risco de faltar energia no país é "mínimo". Segundo ele, a avaliação do governo é que a intensidade das chuvas deve aumentar nas próximas semanas, levando à melhora na situação dos reservatórios das hidrelétricas e afastando o risco de apagão.
"É claro que há uma taxa mínima de risco se as condições [de entrada de água nos reservatórios nos próximos meses] forem absolutamente adversas, se não houver chuva, isso e aquilo. Mas nós não contamos com esse quadro", disse Lobão após participar de cerimônia na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Brasília.
Garantia maior custaria ao consumidor
Lobão afirmou ainda que há planejamento para garantir o atendimento da demanda energética no país para os próximos anos, e que os investimentos estão sendo feitos "em grandes proporções".
Lobão afirmou ainda que há planejamento para garantir o atendimento da demanda energética no país para os próximos anos, e que os investimentos estão sendo feitos "em grandes proporções".
Segundo o ministro, essa garantia pode ser maior, ou seja, mais investimentos podem ser planejados para aumentar a quantidade de energia de reserva e reduzir ainda mais o risco de falta dela.
Ele apontou, porém, que os consumidores teriam que arcar com esses investimentos extras via aumento na conta de luz.
"Se tivermos que investir mais do que a medida sugere, teremos que gastar muito. Se tivermos que ter uma sobra de energia elétrica para garantir uma segurança ainda maior do que temos hoje - e a que temos é grande, é sólida -, teremos que pagar por isso", disse.
"Se 126 megawatts (MW) nos bastam hoje, uma segurança maior seria termos 130, 150, 200. Quanto custaria isso? A quem? Ao consumidor", acrescentou o ministro.
Mudança de discurso
Na quinta-feira (13), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do qual o ministro é presidente, já havia divulgado nota em que admitia, pela primeira vez, a probabilidade de desabastecimento de energia no Brasil este ano por causa da falta de chuvas, apesar de considerá-la "baixíssima".
Na quinta-feira (13), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do qual o ministro é presidente, já havia divulgado nota em que admitia, pela primeira vez, a probabilidade de desabastecimento de energia no Brasil este ano por causa da falta de chuvas, apesar de considerá-la "baixíssima".
O teor do comunicado do CMSE e a declaração de Lobão nesta sexta-feira representam uma mudança no discurso do governo em relação à garantia no fornecimento de energia elétrica.
No dia 3 de fevereiro, um dia antes do apagão que afetou 13 estados e o Distrito Federal, quando questionado sobre o impacto do baixo nível de armazenamento de água em importantes reservatórios do país, o ministro de Minas e Energia havia afirmado que o risco de desabastecimento era "zero".
Na ocasião, Lobão afirmou que o Brasil tem atualmente "sobra de energia", o que garante o fornecimento neste momento de dificuldades no sistema. O ministro disse ainda que não prestigiava o "risco mínimo em favor da probabilidade máxima de que não vai acontecer nada" e lembrou que, em anos anteriores – a exemplo de 2013 –, também houve temor de que poderia haver racionamento, algo que não aconteceu.
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De acordo com Lobão, o governo espera que nas próximas semanas a chuva volte com mais força, principalmente no regiões Sudeste e Centro-Oeste, contribuindo para elevar o nível dos reservatórios de hidrelétricas – as usinas instaladas nas duas regiões respondem por cerca de 70% da capacidade de geração energética do Brasil.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as represas do Sudeste e do Centro-Oeste registravam na quinta-feira 35,89% de armazenamento de água. Esse nível é o mais baixo para esta época desde 2001, quando foi decretado racionamento de energia. Hoje, porém, o país possui um maior número de termelétricas que, acionadas, ajudam a poupar água dos reservatórios.
Apagão comparado a queda de avião
Lobão também falou sobre o apagão do dia 4 de fevereiro. O ministro criticou o uso do termo "apagão", que, segundo ele, serve para "estigmatizar".
Lobão também falou sobre o apagão do dia 4 de fevereiro. O ministro criticou o uso do termo "apagão", que, segundo ele, serve para "estigmatizar".
"Eu chamo de interrupção temporária de energia", disse.
De acordo com Lobão, essas falhas no fornecimento "ocorrem aqui e no mundo inteiro, não são deficiência nem privilégio do sistema brasileiro". Entretanto, de acordo com o ministro, o governo trabalha para que elas sejam "escassas".
O ministro declarou ainda que o sistema elétrico do país é "firme, forte, sólido e robusto", mas está sujeito a "dificuldades" e, diante de algumas circunstâncias, "pode sofrer abalos". E fez uma comparação com um avião – que não foi feito para cair, mas às vezes cai
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