Protestos marcam o 7 de Setembro
André de Souza, Luiza Damé e Evandro Éboli
O Globo - 09/08/2012
BRASÍLIA O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), roubou a cena no desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Agnelo foi vaiado por pessoas que assistiam à parada nas proximidades do palanque oficial e que, segundos antes, haviam saudado a presidente Dilma Rousseff. As vaias ocorreram no momento em que o sistema de som anunciava que o governador recepcionaria a presidente no palanque. Agnelo é investigado pela CPI do Cachoeira e alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça por ligações de integrantes de seu governo com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
- Que vaias? Ah, não vi, não - desconversou o governador.
A estrutura de arquibancadas, com capacidade para 20 mil pessoas, não ficou cheia. A Polícia Militar do Distrito Federal, no entanto, diz que havia 40 mil pessoas na parada. Todo o gramado da Esplanada foi isolado, afastando o público para que a presidente não fosse importunada. O gramado foi cercado com um tapume de mais de dois metros de altura, impedindo a aproximação do público. A arquibancada junto ao palanque da presidente foi destinada a convidados do governo. O público foi acomodado em arquibancadas laterais.
As poucas faixas de manifestação ficaram longe de onde estavam as autoridades. Entre os manifestantes, havia grevistas da Polícia Federal com uma faixa "SOS Polícia Federal". A corporação participou do desfile na apresentação das tropas motorizadas.
Dilma chegou pontualmente às 9h ao palanque oficial, no Rolls-Royce presidencial. Participaram do desfile 2.900 militares e 900 civis. O fogo simbólico foi conduzido pela judoca Sarah Menezes, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Londres. O lema do desfile este ano foi "Brasil, um país de oportunidades", e o governo gastou R$ 800 mil com a estrutura.
Pouco depois de Dilma deixar a Esplanada, duas manifestantes do grupo Femen - que faz protestos tirando a roupa - pularam o alambrado, erguendo cartazes com mensagens feministas. Elas usavam somente shorts e tênis. Foram contidas pela PM e levadas à Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações. Nesse momento, boa parte das autoridades já havia ido embora, mas a Esquadrilha da Fumaça se apresentava.
Faixa relacionou Lula ao mensalão
Logo após o desfile, manifestantes participaram da Marcha Contra a Corrupção. O julgamento do mensalão foi lembrado em faixas e nas palavras de ordens. "A presunção de inocência não pode impedir a prisão diante da decisão colegiada que reconhece a prática do crime", dizia uma das faixas. Segundo a Polícia Militar, 1.500 pessoas participaram do evento. Os organizadores, calcularam cerca de 5 mil.
Uma das coordenadoras do grupo Brasil Contra a Corrupção, Cláudia Cunha explicou que o movimento não teve o mesmo público de protestos anteriores porque a divulgação nas redes sociais foi menor.
- Ficamos com receio de que os movimentos grevistas dos funcionários públicos tirassem proveito dessa manifestação. O clima entre eles e governo está tenso. Até deixamos nossos filhos em casa - disse Cláudia Cunha.
Uma das faixas com críticas ao mensalão, exposta na Pira da Pátria, na Praça dos Três Poderes, trazia uma versão do jingle "Lula lá", da campanha presidencial de 1989 do petista: "Lula lau, a estrela brilha; Lula lau, no bolso da quadrilha; Lula lau, os seus mensaleiros; Lula lau embolsaram nosso dinheiro".
No final, os jovens já cantavam de tudo e criticavam o preço da passagem do ônibus: "Que vergonha, a passagem tá mais cara que maconha".
Além de Dilma e Agnelo, participaram da cerimônia o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto; o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), e 17 ministros de Estado. Também estava presente a família de Dilma: a filha Paula Araújo, o genro Rafael Covolo, e o neto Gabriel, que dormiu no início do desfile
Fonte:/http://www.averdadesufocada.com/
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