Mensalão: condenações fortalecem tese de “formação de quadrilha”
Analistas políticos, como a colunista Eliane Catanhêde, da Folha de S.paulo, já admitem que as recentes condenações, se confirmadas, no julgamento de mensalão podem levar a conclusão seguite: houve formação de quadrilha. Este seria o ponto principal de preocupação dos advogados de defesas dos principais réus, como do ex-ministro José Dirceu. Veja o que escreveu a colunista na Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/elianecantanhede/1149171-barbas-de-molho.shtml
“Barbas de molho
BRASÍLIA – Os réus do mensalão sumiram, mas os advogados parecem em polvorosa –e com bons motivos.
Considerados os capítulos da Câmara/BB e do núcleo financeiro, o viés do Supremo é claramente pela condenação e a ex-diretora do Banco Rural, Ayanna Tenório, é a exceção a confirmar a regra. Sua absolvição já era prevista, e ela está sendo, até aqui, a única a salvar o pescoço entre os 36 enviados para a guilhotina pela Procuradoria-Geral da República.
Quanto mais o julgamento ganha corpo, mais o enredo faz sentido: os personagens, as instituições e os crimes vão se entrelaçando e formando uma história com princípio, meio e fim, em que o Banco Rural teve um papel-chave. Tanto que os demais diretores estão sendo condenados.
Confirmado que os tais “empréstimos” ao PT e às empresas de Marcos Valério eram fictícios, comprova-se automaticamente também a existência de um esquema e leva-se à dedução seguinte: à formação de “quadrilha”, como repete insistentemente o relator Joaquim Barbosa.
Esse enredo, em que uma coisa vai levando a outra, pode ser fatal para os réus do último e mais polêmico capítulo a ser julgado –o do núcleo político. Se havia uma fonte de recursos, operadores e beneficiários, fica caracterizada uma quadrilha. Alguém mandava nisso tudo.
Os ministros já deixaram evidente que a veracidade, as evidências, os testemunhos e o próprio enredo se sobrepõem à eventual falta de provas factuais, como “atos de ofício”.
Nesse cenário, cai como uma luva a repatriação de US$ 6,8 milhões (R$ 14 milhões) do ex-juiz Lalau, da Suíça para o Tesouro Nacional, e o anúncio de que o ex-senador Luiz Estevão está devolvendo R$ 468 milhões aos cofres públicos, para desbloquear seus bens. É muito? Pois não faz nem cosquinha na fortuna dele.
O rigor no julgamento de poderosos e a recuperação de dinheiro desviado são novidades no Brasil. A turma deve botar as barbas de molho.”
Fonte:http://www.observadorpolitico.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário