Notícia da edição impressa de 04/05/2012
Comissão com telhado de vidro
Pelo menos um quinto dos 32 titulares da CPI mista que investigará (?) as ligações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos - notadamente o senador Demóstenes Torres (sem partido - GO) e empresários - já estiveram do outro lado do balcão, expostos a denúncias e desconfiança da opinião pública.
Na lista de representantes do Congresso indicados para buscar a verdade, há ex-fichas sujas, aliados de figuras controversas, nomes envolvidos em escândalos nacionais e até deputado pego no bafômetro.
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O
ex-presidente da República e agora senador Fernando Collor (PTB-AL)*
ressurge como o “guardião dos documentos”, 20 anos depois de defenestrado
do Palácio do Planalto.
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Relator
do colegiado, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG)* foi acusado de usar
sua cota de passagens aéreas para financiar a viagem de um amigo entre
Buenos Aires e o Rio. Cunha nega, argumentando que o bilhete foi adquirido
com milhas e que pagou a taxa de embarque legalmente.
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O
senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)* teve o mandato de governador cassado
em 2009. A Justiça entendeu que, durante a campanha de 2006, ele usou um
programa social do governo em benefício de sua candidatura à reeleição.
Então considerado ficha suja, só assumiu em 2011 a cadeira no Senado, um
ano depois da eleição. O STF foi favorável à posse por interpretar que a
pena de inegibilidade já havia sido cumprida.
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O
senador Humberto Costa (PT-PE)* era o ministro da Saúde quando veio à tona
o escândalo dos sanguessugas, que desviava recursos que deveriam ser
empregados na aquisição de ambulâncias. Costa foi absolvido das denúncias.
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O
senador Jayme Campos (DEM-MT)* acumula processos na Jutiça, entre eles um
de improbidade administrativa. Todas as ações são herança do período em
que foi governador de Mato Grosso. Nenhuma tem decisão definitiva.
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A
senadora Kátia Abreu (PSD-TO)* teve seu nome citado em escutas feitas pela
Polícia Federal durante a Operação Satiagraha, em 2008. Um aliado do
empresário Daniel Dantas afirmava que a parlamentar recebera R$ 2 milhões
de uma empresa para apresentar emendas a uma medida provisória, da qual
ela era relatora. A denúncia não foi comprovada.
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Cientista
político da UnB, o professor Leonardo Barreto* enxerga na ficha dos
parlamentares motivos para endossar o senso comum de que CPI é sinônimo de
pizza. Ele avalia que “a única coisa que pode fazer essa CPI funcionar é o
fato de ser uma guerra política, usada para descredenciar adversários”.
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Fonte: Jornal do Comércio RS
(*) Ilustrações pesquisadas no Google
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