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quarta-feira, 9 de maio de 2012

A REPÚBLICA DO BRASIL É CRIA DE UM SOLDADO


 Os valores e os compromissos existentes nos 
corações dos soldados

SEMPRE SOLDADO!

"A farda não é uma veste, que se despe com facili dade e até com indiferença, mas outra pele, que adere à própria alma, irreversivelmente para sempre. (Gen Octávio Costa)

PChagas
Caros amigos,
Vivo a vida militar desde que nasci. Filho de soldado, fui “dado à luz incomparável do Brasil”, como dizia meu avô, pelas mãos de um médico militar, no Hospital Central do Exército. Tenho vivido, até aqui, dependente do soldo de soldado, com ele fui criado e educado, com ele criei e eduquei minhas filhas, não sem privações ou o sacrifício de anseios e ambições, como é comum a todos que escolhem a carreira militar e são abençoados com a vocação para a vida castrense.

Esta vocação foi e tem sido a principal responsável pelos incontáveis exemplos de superação, abnegação e estoicismo que assisti e colhi e que fizeram com que eu guardasse para mim as queixas sobre os meus próprios e pequenos problemas e desafios.
No contexto da criminosa e bem urdida subversão geral dos valores morais da sociedade e da ridicularização de princípios e virtudes universais, como honestidade, comprometimento, dedicação, doação e servidão, vejo, hoje, com pesar, a chegada de alguns militares aos limites do sofrimento admissível, colocando em risco e até mesmo superando as mais nobres resistências da vocação para o sacrifício a serviço da Pátria, tendo como consequência o abandono prematuro da carreira por jovens em busca de mais dignidade para si e para as suas famílias.
Como Capitão, servindo na AMAN, participei de um simpósio para revisão curricular, coordenado por um brilhante oficial de Infantaria, já falecido, com o qual aprendi que, muito mais importante do que transmitir conhecimento aos Cadetes, era preciso preparar-lhes o coração para o exercício da profissão, uma vez que, a partir do perfeito entendimento do papel de cada um no contexto do Exército e da importância deste para a existência livre e soberana da Nação, cada um saberia buscar o conhecimento e o aperfeiçoamento que o tornaria digno e apto para o cumprimento de qualquer missão que lhe reservasse o futuro.
Esta é a premissa básica e absoluta que define o profissional: o comprometimento, antes de tudo, com a sua missão!
Por seu profissionalismo, seus feitos e méritos, os soldados têm sido sinceramente reconhecidos e prestigiados por seus irmãos brasileiros, conquistando os melhores índices de confiabilidade entre todas as instituições nacionais.
Ao mesmo tempo, têm recebido os afagos hipócritas da classe política dirigente que, com discursos demagógicos, promessas duvidosas e ovações sem conteúdo, massageiam seu ego, enquanto, sistemática e obstinadamente, distorcem seu passado e procuram, de forma infame, dividi-los e caracterizá-los como ameaça e não como garantia do estado de direito, da liberdade e da própria democracia!
Fui testemunha das oportunas e precisas palavras do Comandante do Exército, no último dia 19 de abril: “Por vocação, o Soldado é despojado de si mesmo e desapegado de interesses materiais. Sua recompensa é seu íntimo orgulho de servir a Pátria. Sua ambição é ter meios para que possa bem cumprir sua missão, sem submeter-se a riscos desnecessários. Entretanto, por trás desse homem há uma família – o bem mais caro de todos nós –, onde repousa seu coração, e que precisa de condições compatíveis para viver com dignidade”.
Este é o pensamento, a postura, o comprometimento e os simples anseios pessoais dos profissionais que com as armas da Nação defendem a liberdade e a soberania do Brasil.
Temo, no entanto, que a mensagem do Comandante, tão clara quanto lógica, tenha sido recebida por ouvidos moucos e interpretada como prova do aparente sucesso de uma estratégia montada para desmotivar vocações, desanimar vontades, frustrar esperanças, destruir ilusões e impor, sem resistências, o poder total e definitivo sobre a Nação.
Não sozinho, carrego comigo, por absoluta confiança na formação e nos valores do “Exército de Sempre”, a certeza de que as defecções e o abandono prematuro das vocações não significam o dobramento da coluna dos soldados, mas, junto com a mensagem do comandante, indícios de que suas atitudes precisam e devem mudar, para o bem do Brasil e dos próprios soldados.
Presumo que, mais cedo ou mais tarde, a existência de uma proposta de reajuste salarial, elaborada e aprovada em conjunto pelas três Forças, encaminhada há vários meses ao Ministro da Defesa, deverá ser conhecida e seu conteúdo poderá revelar à Nação que o Sr Embaixador ainda não está suficientemente instruído, preparado e, principalmente, convencido da missão de bem gerir a Defesa Nacional, os interesses das Forças e o bem estar da Família Militar.
Apesar de quaisquer adversidades, no entanto, é bom ficar claro que não é letra morta o alerta dado por um herói da Pátria recentemente parafraseado por um extenso contingente de civis e militares em reserva:
“Por aqui não passarão”!
É ilusão, portanto, imaginar ser possível mudar, por quaisquer meios, os valores e os compromissos existentes nos corações dos soldados!
PChagas


Fonte: A verdade sufocada

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