O Grito que não foi às ruas
POSTADO ÀS 10:15 EM 28 DE JUNHO DE 2013
Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB
O Brasil está tomado por passeatas que já produziram duas consequências imediatas: a redução das tarifas do transporte público nas grandes cidades e a rejeição, pelo Congresso Nacional, da PEC 37, que reduzia o poder de investigação do Ministério Público.
Mas o povo nas ruas quer ir além e tem cobrado, de forma insistente, mudanças na educação, na saúde e na segurança, fora outras reivindicações pontuais como o combate à corrupção, a derrubada de outras PECs que tramitam no Congresso e muito mais. Quem tem uma bandeira a defender, coloca-a em punho e segue os manifestantes.
No meio de todas essas reivindicações calou fundo em Pernambuco o desabafo via facebook de uma mãe, a sra Edilma Bandeira. Indignada com o drama que viveu junto com seu filho de 23 anos no último feriadão do São João, D. Edilma fez o que talvez seja um dos mais eloquentes protestos sobre o caos da saúde pública pernambucana. Não precisou ir às ruas, não partidarizou seu drama. Mas contribuiu e muito para que se possa entender porque, de repente, a insatisfação explodiu em todos os recantos do país.
Não se pode negar que Pernambuco tem feito investimentos fortes em saúde com construção de hospitais e de Upas mas, como mostrou com todas as letras a mãe aflita, estamos a anos luz do que se pode imaginar como um razoável serviço de pronto atendimento a quem, de repente, é obrigado a recorrer ao serviço público estadual.
Mostrando que prédios muito pouco significam se não há material humano, em qualidade e em quantidade, D. Edilma contou que percorreu com seu filho uma UPA – a da PE 15 - e quatro hospitais públicos - Tricentenário, de Olinda; Oswaldo Cruz; Procape e Getúlio Vargas - até que, no desespero e temendo a morte iminente do filho, acabou carregando-o para um hospital particular após seu marido, que conhecia a direção do órgão, comprometer-se a pagar a conta da internação.
O rapaz, que já percorrera diversas macas dos hospitais públicos citados, tomado injeções, engolido inúmeros comprimidos prescritos nestes locais e feito inúmeros exames sem dignóstico, foi finalmente reconhecido como portador de uma pneumonia viral, foi medicado e voltou para casa, onde se encontra em repouso.
“Muda Brasil” , escreveu D. Edilma no final do seu depoimento. Não é para menos.
É impossível resumir o relato da D. Edilma que tem mais de 100 linhas datilografadas e é minucioso mas o que ela disse basicamente? Que na UPA tinha 80 pessoas para serem atendidas na frente do seu filho que estava com a pressão de 19 por 13. Que no Tricentenário só tinha um médico de plantão que atendia a três pacientes graves e não poderia ver o seu filho que gritava de dor e falta de ar. Que no Oswaldo Cruz uma médica o atendeu mas o despachou alegando que ali só se tratava de doenças infecto contagiosas.
No Procape foram feitos alguns exames mas o seu filho foi enviado ao Getúlio Vargas para fazer uma tomografia. “Aí começou a pior noite de nossas vidas” conta a mãe. Ela relata que viu corredores cheios de macas com doentes abandonados, alguns dormindo no chão, enfermeiros que mais gritavam com os doentes do que os atendiam e um total descaso com a aflição alheia.
Após muito brigar com os seguranças, ela conseguiu ter acesso a seu filho, abandonado em uma área restrita, e ficou sabendo que a tomografia só seria feita na tarde do dia seguinte e que até lá ninguém poderia dizer o que ele tinha. Desesperada, D. Edilma conta que perdeu o controle, gritou, esperneou e tirou o filho na marra do hospital, sendo obrigada a assinar um termo de responsabilidade e a transferi-lo em um táxi porque ninguém autorizou que ele saísse de ambulância.
Sobre o hospital particular, após elogios ela pontua “ A conta? O pai corre atrás para pagar o preço da vida. Afinal empenhou a alma.” E conclui lembrando dos que não conseguem fazer o que ela fez “ E quem não tem alma para empenhar?”.
O Brasil está tomado por passeatas que já produziram duas consequências imediatas: a redução das tarifas do transporte público nas grandes cidades e a rejeição, pelo Congresso Nacional, da PEC 37, que reduzia o poder de investigação do Ministério Público.
Mas o povo nas ruas quer ir além e tem cobrado, de forma insistente, mudanças na educação, na saúde e na segurança, fora outras reivindicações pontuais como o combate à corrupção, a derrubada de outras PECs que tramitam no Congresso e muito mais. Quem tem uma bandeira a defender, coloca-a em punho e segue os manifestantes.
No meio de todas essas reivindicações calou fundo em Pernambuco o desabafo via facebook de uma mãe, a sra Edilma Bandeira. Indignada com o drama que viveu junto com seu filho de 23 anos no último feriadão do São João, D. Edilma fez o que talvez seja um dos mais eloquentes protestos sobre o caos da saúde pública pernambucana. Não precisou ir às ruas, não partidarizou seu drama. Mas contribuiu e muito para que se possa entender porque, de repente, a insatisfação explodiu em todos os recantos do país.
Não se pode negar que Pernambuco tem feito investimentos fortes em saúde com construção de hospitais e de Upas mas, como mostrou com todas as letras a mãe aflita, estamos a anos luz do que se pode imaginar como um razoável serviço de pronto atendimento a quem, de repente, é obrigado a recorrer ao serviço público estadual.
Mostrando que prédios muito pouco significam se não há material humano, em qualidade e em quantidade, D. Edilma contou que percorreu com seu filho uma UPA – a da PE 15 - e quatro hospitais públicos - Tricentenário, de Olinda; Oswaldo Cruz; Procape e Getúlio Vargas - até que, no desespero e temendo a morte iminente do filho, acabou carregando-o para um hospital particular após seu marido, que conhecia a direção do órgão, comprometer-se a pagar a conta da internação.
O rapaz, que já percorrera diversas macas dos hospitais públicos citados, tomado injeções, engolido inúmeros comprimidos prescritos nestes locais e feito inúmeros exames sem dignóstico, foi finalmente reconhecido como portador de uma pneumonia viral, foi medicado e voltou para casa, onde se encontra em repouso.
“Muda Brasil” , escreveu D. Edilma no final do seu depoimento. Não é para menos.
É impossível resumir o relato da D. Edilma que tem mais de 100 linhas datilografadas e é minucioso mas o que ela disse basicamente? Que na UPA tinha 80 pessoas para serem atendidas na frente do seu filho que estava com a pressão de 19 por 13. Que no Tricentenário só tinha um médico de plantão que atendia a três pacientes graves e não poderia ver o seu filho que gritava de dor e falta de ar. Que no Oswaldo Cruz uma médica o atendeu mas o despachou alegando que ali só se tratava de doenças infecto contagiosas.
No Procape foram feitos alguns exames mas o seu filho foi enviado ao Getúlio Vargas para fazer uma tomografia. “Aí começou a pior noite de nossas vidas” conta a mãe. Ela relata que viu corredores cheios de macas com doentes abandonados, alguns dormindo no chão, enfermeiros que mais gritavam com os doentes do que os atendiam e um total descaso com a aflição alheia.
Após muito brigar com os seguranças, ela conseguiu ter acesso a seu filho, abandonado em uma área restrita, e ficou sabendo que a tomografia só seria feita na tarde do dia seguinte e que até lá ninguém poderia dizer o que ele tinha. Desesperada, D. Edilma conta que perdeu o controle, gritou, esperneou e tirou o filho na marra do hospital, sendo obrigada a assinar um termo de responsabilidade e a transferi-lo em um táxi porque ninguém autorizou que ele saísse de ambulância.
Sobre o hospital particular, após elogios ela pontua “ A conta? O pai corre atrás para pagar o preço da vida. Afinal empenhou a alma.” E conclui lembrando dos que não conseguem fazer o que ela fez “ E quem não tem alma para empenhar?”.
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