Luta armada: “Combate nas trevas” Parte 3
Além do abordado nos dois artigos anteriores, o autor do livro Combate nas trevas, J. Gorender, a registrar fatos ocorridos antes de 64, torna evidente o plano de tomada do poder via luta armada pelos comunistas na América Latina: “Em 1963, o Exército peruano já havia destroçado a guerrilha de....”
Implantar o regime comunista no Brasil era uma obsessão histórica gerada na matriz soviética e imposta por seus líderes.
Os atos de terrorismo não emergiram contra a ditadura, mas sim que está nas teses e programas dos congressos e organizações que os praticaram. Incrível. Renegam a Pátria para condicioná-la à soberania limitada sob o tacão vermelho e princípios doutrinários, como prioridade ao internacionalismo, revolução permanente e ditadura do proletariado.
O título Turbulências de 68 e Fechamento Ditatorial justifica causa e efeito. Neutralizar a guerrilha e o terrorismo das várias facções e desaguar na abertura política com a mudança de atitude dos autores e partícipes das “turbulências”. Aprenderam que o poder de gerir o Estado advém da disputa pela voz do pensamento e não pela voz dos explosivos, das rajadas e matracas.
O autor discorre sobre o sequestro do embaixador norte-americano, narra a morte de Marighela, que rendido tenta abrir a pasta onde estava o revolver 32; divergência com frei Beto, alegando que esse preferiu a meia verdade, igual à meia falsidade e que sua versão acumula “invencionices” a respeito da participação dos frades dominicanos no evento.
Qualifica Lamarca com cultura política elementar, primária e simplória; reporta a sua atuação na guerrilha do Vale do Ribeira, onde o Ten Mendes da PMSP foi executado. Descreve assaltos a carros fortes/bancos e mortes, tiro acidental no comparsa Ari Miranda que faleceu se esvaindo em sangue no refúgio e enterrado à beira da estrada, sequestro de avião debelado por soldados da FAB com a morte de Eraldo Freire, do bando (01/07/70).
Descreve os sequestros dos embaixadores da Alemanha e da Suíça e morte de dois seguranças, o fim de Lamarca, o suicídio de Iara Iavalberg, o justiçamento do empresário Henning Boilesen, revela o plano de matar um oficial do navio da Marinha inglesa em solidariedade ao IRA, mas é metralhado um marinheiro (05/02/72), assalto à Casa de Saúde Dr. Eiras, metralhados três seguranças e destruição de caminhonetes do Grupo Folhas; analisa a guerrilha do Araguaia.
Traça um paralelo entre a violência do opressor, com destaque para a tortura e a do oprimido; agrava a primeira e justifica a segunda em alguns casos, a despeito de afirmar que a violência revolucionária não deve ir além do necessário: “é imoral torturar e assassinar prisioneiros, explodir bombas que vitimarão inocentes, capturar inocentes e fazê-los reféns”.
Daí justifica os justiçamentos do Cap Chandler, empresário Boilesen e do delegado Otávio, considerados inimigos. A do marinheiro, um assassinato. A morte do Ten Mendes, “surpreendido por uma coronhada na cabeça”, prisioneiro de Lamarca, foi uma “duríssima necessidade”.
O justiçamento de Elza Fernandes impressiona como o Partido Comunista é senhor da vida e da morte dos seus seguidores. Gorender refere-se ao livro escrito por Luiz Carlos Prestes como pseudo-autocrítica e reproduz: “Eu não mandei matar Elza... Quem mandou matar Elza foi o partido.” E contesta tal afirmação. Elza tinha 16 anos em 34, analfabeta, companheira de Miranda, secretário-geral do PC. O casal foi preso em 13/01/36, pós intentona de 35. Elza foi libertada a seguir e colocada sob suspeita de delatar companheiros que foram presos. Submetida a “interrogatórios prolongados”, teve quem a defendesse na direção do partido, mas, afastado sumariamente do secretariado. Prestes não só apoiou o julgamento, como aprovou a sentença por cartas, refutou a suspensão da execução, chamando os camaradas de vacilantes e medrosos. Gorender comenta a leviandade de Prestes ao fazer de memória exame grafológico nos bilhetes de Miranda. Poderia evitar o “crime brutal”, mas empurrou Elza para a morte por estrangulamento.
À reflexão a meia verdade que a Comissão, recém criada, ensaia apresentar à sociedade. Os fatos estão aí narrados, crimes, erros e exageros dos terroristas que foram anistiados. Por que então os absurdos cometidos por alguns que os combateram não podem ser agasalhados pela anistia?
Fonte:http://www.averdadesufocada.com
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