General alerta para uma "comissão do revanchismo e da inverdade" querendo confrontar a Lei da Anistia.
Ex-analista do Centro de Informações do
Exército (CIEx) e líder do manifesto dos militares da reserva com críticas a
integrantes do governo que contestam a Lei de Anistia, o general da reserva
Marco Antonio Felício condenou a decisão do Ministério Público Federal de
denunciar na Justiça Federal em Marabá o coronel da reserva do Exército
Sebastião Curió Rodrigues de Moura pelo crime de sequestro qualificado de cinco
pessoas na Guerrilha do Araguaia. "Não conheço o fato que deu origem à denúncia
e acredito que ele não tenha acontecido. Mas, se o MPF oferecer a denúncia, vai
cair no vazio porque a Lei de Anistia é ampla, geral e irrestrita", declarou o
general.
De acordo com o general, "o major Curió está
protegido pela Lei de Anistia, conforme foi ratificado nas declarações do
ex-ministro do STF, Luiz Fux". Para ele, a tentativa de reabrir casos de
militares "é uma forma de revanchismo de cunho ideológico". Nesta entrevista,
concedida por e-mail, e na qual o general pediu para que as suas respostas
fossem preservadas na íntegra, ele questiona: "Tendo o Ministro da Defesa
tentado proibir e inclusive punir os militares da Reserva e reformados pelo
exercício de um direito sagrado, previsto na Constituição Federal, que é o
direito da liberdade de expressão, nenhuma das entidades tais como a ABI, ABERT,
OAB e a imprensa escrita, falada e televisionada, dentre outras, todas tão
ciosas a esse respeito, nada declararam no sentido de que tal direito fosse
respeitado", afirma o general Marco Antonio Felício.
Como o senhor vê esta tentativa do
Ministério Público de reabrir casos de desaparecidos no período
militar?
Há procuradores que parecem querer acusar
militares por acusar, mesmo ao arrepio da lei. Parece uma tentativa de
autoafirmação ou revanchismo pleno de viés ideológico. A Lei da Anistia é clara:
Ampla, geral e irrestrita e isto foi confirmado, recentemente, quando a OAB, que
a havia aprovado em 1979, visando a pacificação da sociedade brasileira, agora,
voltando atrás, entrou no STF com ação defendendo interpretação mais clara do
Art. 1º no que se refere aos crimes conexos de qualquer natureza, quando
relacionados aos crimes políticos. Sem dúvida, pretendia a OAB abrir caminhos,
fraturando a tão buscada reconciliação e paz social, para a punição dos agentes
do Estado, acusados de crime de tortura. O STF rejeitou a ação, mantendo
integralmente a validade da lei. Assim, não há que reabrir casos de
desaparecidos no período militar e que eles, procuradores, alegam que se trata
de crime continuado e, portanto, segundo eles, não beneficiado pela Lei da
Anistia. A Lei da Anistia está em pleno vigor! Repito: Ampla, irrestrita e
geral!
O senhor já foi chamado por alguém do
Comando do Exército para explicar o manifesto ou recebeu alguma punição conforme
foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff?
Não! Por qual razão deveria ser chamado ou
punido? Nada fiz de ilegal.
O senhor acha que tem fundamento
reabrir estes casos? Como o senhor classifica esta iniciativa? É
revanchismo?
Não há que reabrir. É ferir a Lei da Anistia. É
uma forma de revanchismo de cunho ideológico.
O senhor acha que o governo deveria
desestimular este debate?
Estimulá-lo é buscar o confronto com segmentos
da sociedade que querem a conciliação e a paz social. Que se busquem os
desaparecidos, se é que existam, sem afrontar a Lei da Anistia. Aliás, isso já
se faz conduzido pelo Ministério da Defesa, incluso com a participação de
militares. Enfatizo, também, que alguns "desaparecidos" já apareceram, "belos e
fagueiros" esperando a provável e robusta indenização que receberão.
Em alguns países da América Latina os
textos das leis de anistia foram revistas e militares estão indo a julgamento e
até condenados. O senhor teme que isso possa acontecer no Brasil?
O caráter nacional brasileiro é completamente
diferente daqueles dos demais países latino americanos, fruto da formação de
nossa nacionalidade da qual são as nossas Forças Armadas o verdadeiro berço.
São, também, responsáveis pela unidade nacional e liberdade de que, hoje,
desfrutamos. Por outro lado, nós militares, de qualquer tempo, não podemos nos
esquecer do que está gravado nas paredes do Gabinete do CMT do Exército:
"Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da
adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem a agitadores e terroristas, de
armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia".
O senhor teme que a comissão da verdade
conte a história de um só lado?
A Comissão, pelas declarações das ministras dos
Direitos Humanos e das Políticas para Mulheres, respectivamente, e de outros
membros do governo, pela organização da mesma com a indicação de seus membros
por quem não pode ser imparcial e pela sua atuação unilateral, visando apenas os
agentes do Estado, será a comissão do revanchismo e da inverdade. Há que se
dizer da sua inconstitucionalidade. Somente as comissões parlamentares têm,
legalmente, o poder que a comissão da verdade terá ilegalmente.
Muitas pessoas ligadas aos direitos
humanos questionam por que militares mais novos, que não participaram do regime
de 64, que entraram para a Academia Militar até depois disso, ainda insistem em
defender o que aconteceu naqueles anos.
Porque os militares mais novos conhecem a
realidade dos fatos. Nós, os mais antigos, seus formadores, não usamos a
mentira. Ensinamos apenas a verdade que os comunistas, hoje, no governo, querem
esconder, criando uma nova estória e se mostrando como paladinos da democracia,
dos direitos humanos e da justiça, o que nunca o foram. A verdade, a simples
verdade, é que aqui queriam implantar uma ditadura do proletariado por meio da
luta armada, justificando a violência indiscriminada de que usavam, terrorismo,
assassinatos, assaltos, sequestros e justiçamentos, para atingir tal objetivo. A
velha máxima marxista: "Os fins justificam os meios". Tais assertivas estão
claras em livros escritos por ex- militantes comunistas e a venda em qualquer
livraria.(Do Estadão)
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