Depois do voto do ministro amigo da primeira dama, hoje teremos o voto do ministro assessor de José Dirceu.
Além da condenação do ex-ministro José Dirceu, a participação no
julgamento do ministro José Antonio Dias Toffoli deverá ser o destaque
da sessão de hoje no Supremo Tribunal Federal. Ex-subchefe de Assuntos
da Casa Civil da Presidência na gestão de Dirceu, Toffoli deve votar a
favor do petista, conforme expectativas de ministros do Supremo e de
advogados.
Se confirmado esse posicionamento de Toffoli, ele
deverá se juntar ao revisor do processo, Ricardo Lewandowski, que votou
contra a punição do ex-ministro da Casa Civil. Conforme Lewandowski, não
existem provas contra o petista, apenas ilações. "Não descarto
que José Dirceu tenha participado, tenha sido até o mentor dessa trama
criminosa, mas o fato é que isso não encontra ressonância nas provas dos
autos. Não há prova documental, não há prova pericial, e foram sete
anos de investigação", disse Lewandowski.
Toffoli está no STF
desde outubro de 2009. Ele foi nomeado para o cargo pelo então
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi advogado
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha eleitoral
vitoriosa de 2002. Com a ida de Lula para o Palácio do Planalto, Toffoli
foi para a Casa Civil e em seguida assumiu a Advocacia-Geral da União
(AGU). No Supremo há ainda quem acredite que hoje Toffoli poderá
surpreender e não votar em relação às acusações imputadas a José Dirceu.
A participação do ministro no julgamento também foi contestada pelo
fato de ele namorar a advogada Roberta Rangel, que defendeu o
ex-deputado federal Professor Luizinho. Atualmente, Roberta não trabalha
mais no caso.
Por causa desse passado no governo Lula e da
proximidade com a ex-advogada de Luizinho, nos últimos meses Toffoli foi
pressionado a não participar do julgamento do mensalão. No entanto,
iniciado o julgamento, ele votou em relação a acusações imputadas aos
núcleos financeiro, publicitário e político. Ele
condenou alguns réus, entre os quais o deputado federal Valdemar Costa
Neto e o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do mensalão. Segundo
Toffoli, os réus usaram de "astúcia" para dissimular o recebimento
irregular de recursos.
O ministro também votou a favor da
condenação de dirigentes do Banco Rural, acusados de envolvimento com o
esquema. "Está devidamente demonstrada a dissimulação da origem espúria
dos recursos, o que se configurou por meio das concessões e renovações
de empréstimos fictícios, bem como pela distribuição dos valores sem
identificação dos destinatários reais perante o Banco Central e perante o
Coaf, circunstâncias devidamente comprovadas ao longo da instrução
processual."
Mas o ministro absolveu o deputado federal João Paulo
Cunha (PT-SP), acusado de receber R$ 50 mil do esquema. O dinheiro foi
sacado em uma agência do Banco Rural pela mulher de João Paulo. Toffoli
aceitou a alegação da defesa de que os recursos foram entregues ao
deputado com o objetivo de custear pesquisas eleitorais em Osasco. Por
essa argumentação, o que teria ocorrido, na realidade, seria apenas uma
operação de caixa 2 de campanha eleitoral.
"O fato de o
recebimento haver-se empreendido por meio de interposta pessoa, por si
só, não é suficiente para caracterizar o delito em questão, uma vez que
todos os depoimentos constantes dos autos apontam no sentido de que
aqueles recursos foram, de fato, repassados ao réu para essa finalidade
específica (pagamentos das pesquisas), sem que tivesse ele conhecimento
prévio da sua origem", sentenciou o ministro. No entanto, João Paulo
acabou condenado por decisão da maioria do tribunal.(Estadão)
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