A vez do José Dirceu
Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa - 26/10/2012
A pergunta que se faz, agora, refere-se a José Dirceu. Se Marcos Valério pegou 40 anos, o ex-chefe da Casa Civil não ficará muito longe, ouve-se nos corredores do Supremo e do Congresso. A tal dosimetria está adiada para a segunda semana de novembro, dado o interregno para tratamento de saúde que levará o ministro Joaquim Barbosa à Alemanha, daqui a dois dias.
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Sempre existirão recursos, senão ao Supremo, restrito aos embargos declaratórios, mas a incontáveis meandros da própria lei. De qualquer forma, salvo raras exceções, os mensaleiros vão mesmo começar a cumprir suas penas em prisões fechadas. Alguns anos, muitos anos, até, mas jamais a soma de condenações que vem recebendo, de resto limitadas a 30 anos
É a lei, sustentam os doutos ministros da mais alta corte nacional de justiça. Impossível não aplicá-la, enquanto não for alterada. Diversos parlamentares, em especial do PT, preparam-se para no próximo ano tentar mudança fundamental: prisão fechada, quer dizer, cadeia, reclusão, deveria ficar restrita aos que cometeram crimes de violência. Aos demais, outro tipo de pena, como prestação de serviço comunitário, interdições, multas e ressarcimento de prejuízos causados a outros ou ao erário. Dificilmente vingará essa proposta, tendo em vista a sede de justiça que toma conta da voz rouca das ruas, até com certos laivos de vingança ou revanche. E mais o raciocínio de que muitos crimes praticados sem sangue conseguem ser tão ou mais hediondos e chocantes.
Sendo assim, por mais inusitado que seja, parte da alta cúpula do PT vai mesmo para as grades, ao menos para cumprir um sexto das sentenças recebidas. Com o óbvio bom comportamento que todos demonstrarão, serão candidatos a refrigérios, como a prisão aberta, a domiciliar e até o livramento condicional. Só que levará tempo.
Indaga-se da hipótese de sobrevirem novos processos contra bandidos de colarinho branco. É provável que mais tribunais sejam acionados, bem como a justiça de primeira instância. Velhacarias não faltam nos sistemas financeiro, administrativo e político. Parece chegada a hora, senão da exposição total dos intestinos da vida nacional, ao menos da seleção dos crimes mais gritantes. Sem esquecer de que no âmbito do Judiciário também se verificam horrores.
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