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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O LEGADO ENCOLHEU...LUCRO SÓ PARA FIFA

Editorial: 

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Há quatro anos, ao discursar na África do Sul a respeito da Copa do Mundo no Brasil, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu na ideia de que o evento propiciaria investimentos importantes em infraestrutura e "deixaria um legado de melhoria nas condições de vida do nosso povo".
Hoje, a cinco meses da abertura do Mundial, o balanço das obras de mobilidade urbana revela uma realidade bem menos rósea do que aquela desenhada por Lula.
Dos 56 projetos previstos em 2010, com investimentos de R$ 15,4 bilhões (corrigidos pela inflação), restaram 39, orçados em R$ 7,9 bilhões. Atrasos nas licitações, planejamento equivocado e erros técnicos, além de injunções políticas e econômicas, conspiraram para cancelar ou postergar obras anunciadas como cruciais em algumas cidades-sede.
Manaus, por exemplo, que entregaria um monotrilho e um corredor de ônibus, não terá nenhuma obra concluída a tempo, com a provável exceção de seu estádio.
Porto Alegre, que também planejava corredores e terminais de ônibus, não irá além da pavimentação em torno do estádio Beira-Rio e de vias que dão acesso ao local.
Em São Paulo, a conclusão da esperada linha 17-ouro, o monotrilho que ligará o aeroporto de Congonhas à rede de metrô, foi adiada para depois do evento. De concreto, dentro da questionável tradição de privilegiar o automóvel, prevê-se um complexo viário no entorno do chamado Itaquerão, que receberá a partida de abertura.
Problemas análogos repetem-se em praticamente todas as sedes, conforme evidenciou reportagem publicada por esta Folha.
O encolhimento do legado de infraestrutura seria compensado, segundo o governo federal, pela inclusão dos projetos não realizados na agenda do PAC Mobilidade –o que, dadas as dificuldades enfrentadas por este programa, está longe de ser uma garantia.
Não bastassem os cancelamentos e atrasos, muitas das obras têm sido objeto de desvios e irregularidades. A fiscalização preventiva do Tribunal de Contas da União (TCU) evitou o desperdício de cerca de R$ 600 milhões, de acordo com relatório divulgado pelo órgão.
Em que pesem os benefícios que ainda poderá trazer ao país em termos de fluxo turístico, movimentação econômica, modernização de estádios e divulgação no exterior, está patente que a Copa ficará muito aquém das promessas propagandísticas alardeadas nos últimos anos pelo governo federal.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/

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