23/01/2014
às 6:25O Datafolha e os subintelectuais decepcionados com o povo: 82% dos paulistanos são contra rolezinhos, e 73%, a favor da ação da polícia. Larga maioria de negros e pardos não vê discriminação
Pois é… Nesta quinta, muito esquerdista endinheirado encontrará motivos para se decepcionar com o povo. Eles lá, dedicando-se a um frenético exercício de antropologia criativa para ver nos rolezinhos uma espécie de grito primal dos deserdados do capitalismo, e os pobres cobrando o fim desses eventos para poder frequentar os shoppings em paz.
Os racialistas também ficarão amuados. Insistem que os negros e pardos são discriminados nesses centros comerciais, e a maioria dos negros e pobres diz que… não! A população de São Paulo — ESPECIALMENTE OS MAIS POBRES — gosta é de ordem e de polícia cumprindo a sua função. Quem gosta de bagunça é subintelectual do miolo mole, militantes de esquerda e, infelizmente, alguns coleguinhas.
Segundo pesquisa Datafolha, publicada hoje na Folha, nada menos de 82% dos paulistanos são contra os rolezinhos, impopulares até entre os jovens — Reprovam as manifestações 70% das pessoas entre 16 e 24 anos e 85% dos que estão entre 25 e 34. Alguns vigaristas sustentavam que os rolezinhos são o grito dos pobres. Será? São contra esses eventos 80% dos que ganham até 2 salários mínimos. Entre os que recebem de 2 a 5, a reprovação chega a 87%. A aceitação cresce um pouquinho entre os mais endinheirados, mas o “não” é ainda esmagador: 71% (veja quadros publicados pela Folha reproduzidos neste post).
O Datafolha quis saber ainda se a população aprova que os shoppings recorram à Justiça para impedir rolezinhos. 80% disseram que sim. Para 77%, esse tipo de coisa não passa de “tumulto”. E a polícia? Será que deve ser acionada? A esmagadora maioria dos paulistanos aprova: 73%. E nada menos de 72% disseram que não existe preconceito de cor na reação dos shoppings. Atenção, entre os negros, só 32% afirmaram ver preconceito de cor; ente os pardos, apenas 25%. Logo, os negros e pardos não endossam as tolices ditas pelos ministros Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, e Luíza Bairros, da Igualdade Racial.
Sabem, leitores, qual é a região da cidade que menos apoia os rolezinhos? A Zona Leste, justamente a que concentra o maior número de pobres. Apenas 8% disseram concordar com esses eventos. Conforme escrevi aqui muitas vezes, os shoppings que estão situados na periferia são também áreas de lazer das comunidades carentes. São elas as principais prejudicadas por aquela bagunça.
Essas manifestações contam com um pouco mais de apoio, embora pequeno, entre os mais ricos, que ganham acima de 10 mínimos. É nessa faixa que se concentra boa parte das pessoas de esquerda. Vocês leram direito: no Brasil, socialistas costumam ser os endinheirados — embora, como é sabido, eles não deem aos pobres nem um miserável pirulito.
Contra a seleção
Ah, sim: 73% dizem que os shoppings não têm o direito de discriminar quem pode e quem não pode entrar. Não sei como a pergunta do Datafolha foi feita, mas é certo que ninguém reivindicou essa licença.
Ah, sim: 73% dizem que os shoppings não têm o direito de discriminar quem pode e quem não pode entrar. Não sei como a pergunta do Datafolha foi feita, mas é certo que ninguém reivindicou essa licença.
Civilização
Na segunda, escrevi o que segue em azul:
Shoppings são experiências que criam um padrão aceitável de civilização que acaba por mitigar particularismos de classe (e outros) em nome de alguns denominadores comuns de convivência. É assim que se constroem as sociedades. Os comportamentos que ficam à margem — ou porque muito requintados ou porque muito grosseiros — acabam não encontrando lugar para se expressar. Isso é um sinal de avanço das sociedades. Concorre para a elevação do padrão médio. O shopping center constrói um superego com muito mais eficiência do que um pai — se for um pai relapso, então, nem se fale… Sim, é preciso proibir que se toque e se dance funk nos corredores. Mas se deve vetar igualmente que alguém saque o seu aparelho de som para ouvir “A Flauta Mágica” no último volume. Posso achar o funk um lixo, e acho. Posso achar Mozart uma maravilha, e acho. Em locais públicos, o que conta é uma média dos “achares” e dos “quereres”.
Na segunda, escrevi o que segue em azul:
Shoppings são experiências que criam um padrão aceitável de civilização que acaba por mitigar particularismos de classe (e outros) em nome de alguns denominadores comuns de convivência. É assim que se constroem as sociedades. Os comportamentos que ficam à margem — ou porque muito requintados ou porque muito grosseiros — acabam não encontrando lugar para se expressar. Isso é um sinal de avanço das sociedades. Concorre para a elevação do padrão médio. O shopping center constrói um superego com muito mais eficiência do que um pai — se for um pai relapso, então, nem se fale… Sim, é preciso proibir que se toque e se dance funk nos corredores. Mas se deve vetar igualmente que alguém saque o seu aparelho de som para ouvir “A Flauta Mágica” no último volume. Posso achar o funk um lixo, e acho. Posso achar Mozart uma maravilha, e acho. Em locais públicos, o que conta é uma média dos “achares” e dos “quereres”.
Fui adiante e explicitei qual é a relação das comunidades pobres com os shoppings (em azul):
Nunca caí no conto (…) de considerar que os rolezinhos são, na verdade, protestos que ainda não têm plena consciência de si mesmos. Isso é restolho dos escombros do marxismo aprendido de orelhada. O Shopping Campo Limpo é frequentado pelos moradores de… Campo Limpo e adjacências. Muita gente é pobre. Heliópolis, em São Paulo, está entre as dez maiores favelas do Brasil — hoje, os próprios moradores preferem chamá-la de bairro, mas, tecnicamente, é uma favela. Segundo o Censo de 2010, contava com 41.118 moradores. Creio que esteja hoje beirando os 45 mil. Eles frequentam em massa o Central Plaza Shopping, que fica bem perto.Falo o que sei, falo o que conheço, falo o que vi. Já fui lá várias vezes (…). Pobres, pretos, mestiços — ou que outra categoria queiram criar para brandir a bandeira da discriminação — jamais foram discriminados por ali porque isso significaria, na prática, expulsar boa parte dos… consumidores. A praça de alimentação, nos fins de semana, recebe a população pobre ou remediada que quer “jantar fora”. Os bairros contíguos abrigam moradores de classe media e classe média baixa. Atenção! É um shopping gigantesco, vive apinhado, o ambiente é asseado, e os consumidores e visitantes não se comportam de modo distinto dos que frequentam o Iguatemi, o JK, o Villa-Lobos ou o Higienópolis.
Nunca caí no conto (…) de considerar que os rolezinhos são, na verdade, protestos que ainda não têm plena consciência de si mesmos. Isso é restolho dos escombros do marxismo aprendido de orelhada. O Shopping Campo Limpo é frequentado pelos moradores de… Campo Limpo e adjacências. Muita gente é pobre. Heliópolis, em São Paulo, está entre as dez maiores favelas do Brasil — hoje, os próprios moradores preferem chamá-la de bairro, mas, tecnicamente, é uma favela. Segundo o Censo de 2010, contava com 41.118 moradores. Creio que esteja hoje beirando os 45 mil. Eles frequentam em massa o Central Plaza Shopping, que fica bem perto.Falo o que sei, falo o que conheço, falo o que vi. Já fui lá várias vezes (…). Pobres, pretos, mestiços — ou que outra categoria queiram criar para brandir a bandeira da discriminação — jamais foram discriminados por ali porque isso significaria, na prática, expulsar boa parte dos… consumidores. A praça de alimentação, nos fins de semana, recebe a população pobre ou remediada que quer “jantar fora”. Os bairros contíguos abrigam moradores de classe media e classe média baixa. Atenção! É um shopping gigantesco, vive apinhado, o ambiente é asseado, e os consumidores e visitantes não se comportam de modo distinto dos que frequentam o Iguatemi, o JK, o Villa-Lobos ou o Higienópolis.
Encerro
Os subintelectuais não têm cura. Mas ponho fé no jornalismo. As redações deveriam enviar seus repórteres para fazer um treinamento intensivo com o “povo” — mas povo mesmo, de verdade, o que exclui as entidades e ONGs de militantes usurpadores, que pretendem falar em seu lugar.
Os subintelectuais não têm cura. Mas ponho fé no jornalismo. As redações deveriam enviar seus repórteres para fazer um treinamento intensivo com o “povo” — mas povo mesmo, de verdade, o que exclui as entidades e ONGs de militantes usurpadores, que pretendem falar em seu lugar.
A pesquisa Datafolha põe fim a uma farsa ridícula. Os subintelectuais do miolo mole terão de procurar outra causa.
Fonte:http://veja.abril.com.br/
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