Por Paulo Saab
Diário do Comércio - 18 Dez 2013
Didaticamente, sem a pretensão de cientificismo, mas apenas a de provocar o raciocínio do leitor, tento explicar o que está acontecendo no país sem que a população votante veja ou entenda.
São alguns passos da cartilha petista para perpetuação no poder e dominação da vontade dos brasileiros, sem que seja preciso uma revolução, guerra civil ou mesmo a aparência de mudança da ordem institucional em andamento.
1- A criação de cotas para negros, índios e a prevalência de políticas públicas que visam separar –ainda que contrariando a Constituição – os brasileiros é proposital; apesar de se esconder atrás da busca de justiça para minorias ou segregados, o objetivo final é outro.
2- A ampliação e manutenção de bolsas destinadas a manter como eleitores cativos a população pobre já foi criticada por Lula antes de chegar ao poder. Mas na sua era, levanta-se a bandeira do social, quando na verdade se trata de instrumento eleitoral. Antes, Lula dizia que as elites davam bolsas para impedir o desenvolvimento social e econômico dos pobres. Hoje, chama de idiota quem é contra as bolsas.
3- A divisão de classes defendida de forma indireta pelas ações do governo se colocam no mesmo patamar de desejo de poder, de ter o domínio da situação através da negociação (ou compra) isolada por segmento.
4- O estímulo permanente através do discurso de incitamento das "zelites" contra os pobres faz parte do plano para impedir que pessoas de diferentes níveis econômicos, culturais e educacionais, se unam em torno de bandeiras comuns e se voltem contra o governo.
5- A busca incessante, em nome do social, do controle sobre os meios de comunicação é uma forma de chegar a um ponto em que a mídia não tenha mais uma só palavra de crítica aos governantes no poder. Nada diferente do que fizeram, ao longo da história, ditadores, tít eres, manipuladores, incomodados com as críticas e maravilhados com o incenso, mesmo artificial, de seus "feitos!".
6- A brutal corrupção espalhada em todos os níveis do poder tem como objetivo final, além de enriquecer os poderosos, circunstantes, parentes e amigos, entupir de dinheiro público os cofres partidários para assegurar caixa suficiente para uma campanha eleitoral de qualidade e quantidade (técnicas, claro, porque o conteúdo é falso) no pleito seguinte.
Fico, por ora, por aqui, pois os exemplos acima já são suficientes. Mas pode-se concluir que o objetivo final de todas essas ações é a manutenção do poder sob a aparência da legitimidade, usando dos meios democráticos e disponíveis para manter eternamente a situação vigente.
Em outras palavras, enquanto houver uma crescente luta de classes, separação de etnias, privilégios de minorias, discriminação contra classes econômicas, e divisão proposital dos obj etivos que deveriam ser comuns à população, o grupo no poder garante que não haja a junção de todos esses segmentos para voltar-se contra os governantes e políticos no poder, que criam para eles uma nova classe de privilegiados, de distinções e vida luxuosa. Na antiga União Soviética isso era chamado de "nomenklatura".
Para alcançar este objetivo final o grupo no poder vale-se de todos os meios possíveis, legítimos ou não, comprando com dinheiro público apoios, silêncios, omissões, desinteresses e simpatias inclusive, da própria mídia de massa.
Com disse antes, a propaganda oficial é fantástica na parte técnica e na quantidade de inserções. O conteúdo, mesmo falso, é tratado de forma a parecer que o brasileiro vive de fato no melhor dos mundos.
Este tipo de raciocínio que desenvolvo aqui não se vê saindo da boca de alguém da dita oposição; não se vê nos comerciais dos partidos, não se observa em lugar algum .
Cabe perguntar diante do silêncio obsequioso a esse tipo de tática de esgarçamento do sentido de nação do povo brasileiro (dividir para governar): por que nossos próceres oposicionistas se calam?
Suspeito empiricamente que, como dizia Jânio Quadros, são todos farinha do mesmo saco.
Enquanto de forma estratégica, usando a tática do fatiamento, a ideologia da dominação vai se impondo aos poucos na usurpação da liberdade constitucional, os defensores da liberdade, mudos, sabe-se lá por qual comprometimento,não socorrem sua ideologia libertária, desmascarando publicamente o golpe em andamento contra o País, em nome de atender os pobres. Esse filme é velho. Começou em 1917 e já morreu...só não morre nos países onde a ignorância do povo ainda pode ser explorada.
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