Pai e mãe devem saber quando é hora de ‘abrir mão’ e ceder
por anacassiamaturano |categoria Comportamento, Dicas para pais e filhos, Família
A atitude do Papa Bento XVI em renunciar não deveria causar tanta surpresa. Seu caráter inusitado é que lhe conferiu esse espanto. Geralmente as pessoas não gostam de largar, como se diz no popular, “o osso” – mesmo que duro de roer. O poder e o status são fatores que encantam e mantêm as pessoas em lugares que não deveriam estar. Ou exercendo funções sem a mínima qualificação.
Nosso país é mestre nisso. A roda gira, mas vemos ocupando cargos públicos de importância velhos conhecidos, cujos interesses não vão além dos seus próprios.
O que levou o Papa a deixar o cargo, muito se especula. De todo modo, o que fica claro é que ele não se sentia em condições de tão grandiosa tarefa. Como muitos apontam, foi um ato de humildade e coragem. Mesmo que outros considerem uma fraqueza.
Em verdade, esse fato nos faz refletir sobre a possibilidade que temos, mas nem sempre usamos, de abrir mão de algo. Queremos tanto, tanto, que não paramos para pensar se damos conta do recado. Ou se o modo como estamos fazendo é o melhor. Mesmo que não seja, insistimos simplesmente para ser do nosso jeito.
Indo a uma esfera menor, mas de grande importância, lembrei-me das famílias. Principalmente daquelas em que o divórcio se faz presente, junto com desavenças para ver quem é mais pai ou mais mãe dos pequenos (ou “pães”, pai e mãe ao mesmo tempo, como muitos se intitulam). Cada um quer ser o melhor e ditar todas as normas, ao seu modo, sem ter a humildade de reconhecer a importância e o valor do outro. Ou ainda, do que é melhor e mais saudável para a prole.
Casais como esses criticam-se mutuamente na frente dos pequenos, colocando-os em situações embaraçosas. Culpam o outro pelas intercorrências na vida dos filhos, mas dificilmente fazem uma mea culpa.
Disputam a companhia das crianças, que pingam de uma casa para outra, numa verdadeira maratona. Além de transtornar a rotina, cada lugar tem regras próprias e contrárias, onde cada um defende que as suas são melhores.
Os filhos, diante das atrapalhadas dos pais, ficam arrumando desculpas, passando a mão na cabeça deles (da maneira que podem, pois muitos se envergonham). Explodem em agressividade para poderem lidar com a carga emocional da situação de disputa.
O que interessa realmente é confrontar o ex. Cegados pela raiva, acabam por deixar os pequeno em segundo plano. Não conseguem abrir mão do seu modo de pensar e agir, mesmo que ele possa atrapalhar as crianças. Quanta humildade tem faltado, junto da reflexão de sua conduta, de suas possibilidades e falta delas.
Penso que foi isso que o Papa fez, humildemente reconheceu seus limites. Se foi o melhor ou o pior Papa, não tenho condições de dizer. No entanto, nos dá uma bela lição de que é possível abrir mão do poder.
Fonte:http://g1.globo.com/
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