Pedagogia da corrupção: Chalita envolvido com "malas de dinheiro".
A Folha revelou no sábado que o Ministério Público instaurou 11 inquéritos para investigar Chalita por enriquecimento ilícito, corrupção e fraude em licitação a partir de depoimentos de Grobman. Ele diz que era assessor informal de Chalita na secretaria, com telefone, e-mail e cartão do Estado. Apresentou fotos de viagem oficial que fez com Chalita e Marcia a Paris, para evento da Unesco.
O início
Montei a empresa Interactive com Nilson Curti, superintendente do COC [grupo educacional privado], em 1999. Em 2003, fui apresentado por Chaim Zaher [ex-dono do grupo COC] a Chalita. Fui trabalhar na secretaria e tinha sala, e-mail e cartão do governo.
Estratégia
Chaim colocou pessoas de sua confiança em cargos estratégicos. O Milton Dias Leme, na diretoria da Fundação para o Desenvolvimento da Educação [FDE], o Farid Mauad, diretor da COC, no Conselho Estadual da Educação, e eu na secretaria. Era para a gente direcionar contratos do governo com o COC.
Assessor informal
Como domino várias línguas, passei a acompanhar Chalita ao exterior. A gente acordava cedo, corria e fazia ginástica, compras. Como conheço informática, fui incumbido por ele de cuidar da automação da cobertura em Higienópolis.
O custo
Nilson Curti um dia comentou comigo que o "custo Chalita" já era de R$ 11,6 milhões. Era a despesa do Chaim com ele. Curti cuidava de toda a parte financeira. Mas a Interactive era uma empresa de caixa dois, para operação política.
As malas
Eu ficava no apartamento de Higienópolis acompanhando a reforma. Vi a Marcia Alvim trazendo malas de dinheiro, eram malas de propagandista, de couro, grandes, grossas. Ficavam guardadas no armário espelhado em frente ao banheiro. Jogava o dinheiro no chão e separava, pagava o estúdio do programa de TV. Também levavam o dinheiro na sala do Paulo Barbosa [braço direito de Chalita, adjunto na época] na secretaria. Ele guardava num cofre verde do lado esquerdo da mesa.
O rompimento
Ele já tinha feito toda a reforma no apartamento [em Higienópolis] com dinheiro do empresariado. Eu fazia vista grossa, mas aí a Márcia me falou que ele tinha comprado o apartamento no Rio. Foi o que me fez brigar com ele. Eu fui falar que não era ético e ele respondeu que a ética é relativa, que podia provar isso para mim pela semiótica, que eu deveria calar a boca. Me senti humilhado.
As ameaças
Quando disse ao Chaim que havia procurado o Ministério Público, ele começou a me ameaçar, disse que sabia onde meus filhos moram, que o ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo] era funcionário dele, dava aula na EPD [Escola Paulista de Direito] e ele tinha a PF na mão. Mas não vou me calar. Acredito na cidadania.
A compra de livros
O COC comprou 34 mil livros da "Pedagogia do Amor" [de autoria do ex-secretário]. Os livros eram uma moeda de troca do Chalita. Colocamos tudo na minha sala e na sala do Chaim num escritório de operações do Chaim e do Chalita. Havia 34 mil livros e eu tinha medo que a estrutura do prédio não aguentasse. Fui até perguntar para o zelador. Falei que precisava tirar de lá, e quem tirou foi o motorista do Chaim.
Fonte:http://coturnonoturno.blogspot.com.br/
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