- A nova elite do congresso do PMDB e do PT
O Globo - 20/01/2013
Senadores e deputados devem refletir sobre a seleção que vem sendo escalada para dirigir o Congresso e ocupar cargos relevantes no plenário. A cúpula do Parlamento tem algo como 20 posições de destaque, que refletem a essência da liderança das duas Casas. Sempre houve casos esparsos, e graves, em que foram escolhidos parlamentares com mais prontuário que biografia. Jamais se chegou ao que se está armando agora.
Para a presidência do Senado, o favorito é Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele já esteve nessa cadeira (ocupada pelo padre Diogo Feijó) e em 2007 renunciou porque foi revelada uma rede de relações perigosas na qual a empreiteira Mendes Júnior pagava as despesas da namorada com quem tivera uma filha. O episódio valeu à senhora a oportunidade de posar para um ensaio de J.R. Duran na revista "Playboy".
Para a presidência da Câmara, já ocupada por Ulysses Guimarães, o favorito é o deputado Henrique Alves (PMDB-RN). Mantinha em sua assessoria (paga pela Viúva) o sócio da empresa Bonacci Engenharia, que recebeu R$ 6 milhões em verbas federais direcionadas para obras em 20 municípios do Rio Grande do Norte governados por correligionários. Na sede da empresa o repórter Leandro Colon encontrou o bode Galeguinho.
Para a vice-presidência da Câmara, a bancada do PT escolheu o deputado André Vargas. Há poucos dias, quando o ex-governador gaúcho Olívio Dutra disse que José Genoino deveria renunciar ao mandato, Vargas exibiu a ética do PT 2.0: "Quando ele passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo. (...) Ele já passou por muitos problemas, né ?".
Para a liderança da bancada do PMDB de Calheiros e Alves, exercida em outros tempos por Mario Covas, o favorito é o deputado Eduardo Cunha (RJ). Começou sua carreira política durante o collorato, quando tinha o beneplácito de Paulo César Farias. Tornou-se poderoso padrinho nas Centrais Elétricas de Furnas e no seu fundo de pensão. Em 2011 fechou todos os salões do Copacabana Palace para uma festa familiar com mil convidados. Tem o apoio de Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.
Cunha disputa o lugar com o deputado Sandro Mabel, um dos homens mais ricos do Congresso. Acusado de ter oferecido R$ 1 milhão de luvas e R$ 30 mil de mesada a uma colega para que mudasse de partido, viu-se absolvido pelo plenário.
Na liderança do PT está o deputado José Guimarães (CE), irmão de José Genoino, ex-presidente do partido, que aguardará no plenário o desfecho da sentença do Supremo Tribunal Federal que o condenou a seis anos e 11 meses de prisão, impondo-lhe uma multa de R$ 468 mil. Em outra encarnação, ele liderou a bancada petista.
Em 2005 um assessor de Guimarães foi preso no aeroporto de Congonhas com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil na cueca.
Juntos, o PMDB e o PT controlam 31 da 81 cadeiras do Senado e 165 das 513 na Câmara.
Essa nova elite parlamentar reflete um sentimento das bancadas e de boa parte do plenário. Elas seguem uma norma de Don Vito Corleone:
"Para mim, não tem importância o que uma pessoa faz para ganhar a vida. Entendeu?"
Lula e Dilma
Azedou uma conversa de Lula com a doutora Dilma em Paris.
Quem assistiu ficou com a impressão de que Nosso Guia está preparando o bote para pedir a cadeira de volta. Se pedir, levará.
fogo horrível
A cavalaria do PT subiu o tom nas críticas à doutora Dilma. Felizmente para ela, nada a ver com políticas públicas. Tudo em cima da Bolsa da Viúva.
O palavreado está de fazer inveja aos tucanos, que dizem horrores uns dos outros, mas ficam no linguajar de casas de família.
boa notícia
Algo de novo, e bom, aconteceu com a gestão da diplomacia brasileira.
A doutora Dilma não foi à pajelança organizada para a investidura de Nicolas Maduro. Os presidentes do Uruguai, da Bolívia e da Nicarágua foram a Caracas, e Cristina Kirchner foi a Havana.
O realismo fantástico latino- americano produziu uma de suas cenas memoráveis. Quatro chefes de Estado abrilhantaram a posse de um presidente que não apareceu, nem é fotografado desde que se internou num hospital de Havana.
Que grande conto daria: "A posse do Ausente".
nosso guia
Quem contou estava lá:
O então primeiro-ministro inglês Gordon Brown chegou para uma breve cerimônia em Londres. Estava previsto que faria uma breve saudação, mas ele informou:
"Vocês vão me desculpar, mas vou falar muito, muito mesmo, porque estou exausto de tanto ouvir. Venho de uma reunião onde estava o presidente do Brasil."
Fonte:http://www.averdadesufocada.com
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