Em 1966 eu servia como 1º Tenente
Médico no Hospital de Aeronáutica de Recife e vi os corpos das vítimas
chegarem.
O jornalista Edson Regis chegou
agonizando entrando logo a seguir em óbito.
Realmente acho que esses FDP, que se
dizem vítimas da repressão,em sua maioria não passam de criminosos
covardes,
não davam assistência as suas
respectivas famílias e portanto o dinheiro do povo não deve sustentá-las.
O que vi me deixou revoltado até hoje.
Embora tenha sido transferido de volta
para o Rio de Janeiro pouco tempo depois do atentado (embarquei de volta em
24/08/1966), sempre que penso ou ouço falarem sobre Recife, aquele quadro
me vem à mente.
MACHADO
Memória Nacional que o governo quer esquecer e a todo
custo tenta esconder:
Dias Ruins em 1966
Aí está um bom assunto
para ser analisado pelo "Comissão da Verdade".
Poderia começar descobrindo os autores desse sangrento atentado a bomba no
Aeroporto dos Guararapes, que vitimou inocentes, e propondo reparação cível às famílias dos mortos e feridos.
O ATENTADO DE GUARARAPES
Em 1966, dois anos
depois da Revolução Democrática de 31 de Março, a Nação brasileira
empenhava-se em reerguer o País, após o caos dos primeiros anos da década
de 60.
Entretanto, uma pequena
minoria inconformada, constituída pelos comunistas e pelos corruptos que
haviam sido alijados da vida política nacional, procurava reorganizar-se e, de
qualquer maneira, expressar seu descontentamento.
Recife, a capital pernambucana, foi a escolhida para ser
o cenário inicial de uma nova forma de luta - o terrorismo - que, por muitos anos, viria a ensangüentar e a enlutar a sociedade
brasileira.
O 31 de Março de 1966 amanhecia com sol.
O povo pernambucano e as autoridades já estavam reunidos
no Parque 13 de Maio, aguardando o início das comemorações do segundo ano
da Revolução.
Nesse momento, exatamente às 0847h, ocorria violenta explosão no 6º
andar do edifício dos Correios e Telégrafos, onde funcionavam os
escritórios regionais do SNI e da Agência Nacional.
Ao mesmo tempo, uma segunda explosão atingia a residência do Comandante
do IV Exército.
Mais tarde, seria encontrada uma terceira bomba, falhada, num vaso de
flores da Câmara Municipal de Recife, onde havia sido realizada uma sessão
solene em comemoração à Revolução Democrática.
Três bombas montadas para, num só momento, atingir
personalidades e entidades representativas do governo brasileiro. Iniciava-se a guerra suja.
Entretanto, a bomba falhada no legislativo municipal deveria estar
incomodando os terroristas e estar sendo vista como um parcial fracasso de execução.
Assim é que, em 20 de Maio de 1966, 50 dias após esse ensaio geral, foram lançadas outras três bombas - dois
"coquetéis molotov" e um petardo de dinamite, contra os portões da Assembléia
Legislativa de Pernambuco.
A Nação, estarrecida, vislumbrava tempos difíceis que estavam por vir.
Em 25 de Julho de 1966, uma nova (terceira)
série de três bombas, com as mesmas características das anteriores, sacode
Recife.
Uma, na sede da União de Estudantes de Pernambuco,
ferindo, com escoriações e queimaduras no rosto e nas mãos, o senhor José
Leite, de 72 anos, vítima inocente que passava pelo local.
Outra, nos escritórios do Serviço de Informações dos
Estados Unidos (USIS), causando, apenas, danos materiais.
A terceira bomba, entretanto, acarretando vítimas fatais,
passou a ser o marco balizador do início da luta terrorista no
Brasil.
Nessa manhã de 25 de julho de 1966, o Marechal Costa e
Silva,
então candidato à Presidência da República, era esperado
por cerca de 300 pessoas que lotavam o Aeroporto Internacional dos
Guararapes.
Às 0830h, poucos minutos antes da previsão de chegada do Marechal, o
serviço de som anunciou que, em virtude de pane no avião, ele estava
deslocando-se por via terrestre de João Pessoa até Recife e iria,
diretamente, para o prédio da SUDENE.
Esse comunicado provocou o início da retirada do
público.
O guarda-civil Sebastião Tomaz de Aquino, o "Paraíba", outrora
popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu uma maleta escura
abandonada junto à livraria "SODILER", localizada no saguão do
aeroporto. Julgando que alguém a havia esquecido, pegou-a para entregá-la
no balcão do DAC.
Ocorreu uma forte
explosão.
O som ampliado pelo recinto, a fumaça, os estragos
produzidos e os gemidos dos feridos provocaram o pânico e a correria do
público.
Passados os primeiros momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trágico
saldo de 17 vítimas.
Morreram o jornalista e secretário do governo
de Pernambuco Edson Regis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos, com um rombo no abdômen, e o vice-almirante reformado Nelson
Gomes Fernandes, com
o crânio esfacelado,
deixando viúva e dois filhos menores.
O guarda-civil "Paraíba" feriu-se no rosto e nas pernas, o que
resultou, alguns meses mais tarde, na amputação de sua perna
direita.
O então Tenente-Coronel do Exército, Sylvio Ferreira da Silva,
sofreu fratura exposta do ombro esquerdo e amputação traumática de quatro dedos da mão
esquerda.
Ficaram, ainda, feridos os advogados Haroldo Collares da Cunha Barreto e
Antonio Pedro Morais da Cunha, os funcionários públicos Fernando Ferreira
Raposo e Ivancir de Castro, os estudantes José Oliveira Silvestre, Amaro
Duarte Dias e Laerte Lafaiete, a professora Anita Ferreira de Carvalho, a
comerciária Idalina Maia, o guarda-civil José Severino Pessoa Barreto, o
Deputado Federal Luiz de Magalhães Melo e Eunice Gomes de Barros e seu
filho, Roberto Gomes de Barros, de apenas seis anos de idade.
O acaso, transferindo o local de chegada do futuro Presidente, impediu que a tragédia fosse maior.
O terrorismo
indiscriminado, atingindo pessoas inocentes e, até, mulheres e crianças, mostrou
a frieza e o fanatismo de seus executores.
Naquela época, no Recife, apenas uma organização
subversiva, o Partido Comunista Revolucionário (PCR), defendia a luta
armada como forma de tomada do poder.
Dois comunistas foram acusados de envolvimento no ato
terrorista: um, Edinaldo Miranda de Oliveira, militante do Partido
Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e que, em 1986, era professor de
Engenharia Elétrica em Recife, e o outro era Ricardo Zaratini Filho, então
militante do PCR e atual assessor parlamentar da liderança do PDT na Câmara Federal.
Entretanto, nunca foi possível determinar, exatamente,
os autores dos atentados.
Não havia, ainda, no País, órgãos de segurança especializados no combate ao terror.
Em 18 Mai 99, em entrevista ao jornal "O Estado de
São Paulo, o Comandante do Exército, Gen Ex Gleuber Vieira, declarou a respeito da reabertura do caso Riocentro:
"Nós nunca pensamos em pedir reabertura de inquérito envolvendo
personalidades da vida nacional de hoje que, no passado, estiveram envolvidos em assalto a bancos,
seqüestros, assassinatos e em atos de terrorismo.
Nós não cogitamos pedir a reabertura do inquérito nem mesmo quando uma dessas
personalidades declarou que sabia quem tinha posto uma bomba no aeroporto
do Recife."
Um ano depois do atentado, em 25 Jul 67, foi inaugurada
no Aeroporto uma placa de bronze com os seguintes dizeres:
"HOMENAGEM DA CIDADE DO RECIFE AOS QUE
TOMBARAM NESTE AEROPORTO DOS GUARARAPES, NO DIA 25 DE JULHO DE 1966, VITIMADOS
PELA INSENSATEZ DOS SEUS SEMELHANTES.
- ALMIRANTE
NELSON FERNANDES
- JORNALISTA EDSON REGIS
GLORIFICADOS PELO SACRIFÍCIO, SEUS NOMES SERÃO
SEMPRE LEMBRADOS RECORDANDO AOS PÓSTEROS O VIOLENTO E TRÁGICO ATENTADO
TERRORISTA, PRATICADO À SORRELFA PELOS INIMIGOS DA PÁTRIA."
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Não sabemos se essa placa ainda permanece no aeroporto
ou foi retirada ou,
mesmo, substituída por homenagens aos comunistas.
Hoje, os terroristas daquela época, arvorando-se em
"heróis" libertários, afirmam que o que fizeram foi uma reação à
"violência" do Governo brasileiro.
Intencionalmente, procuram deturpar a História e levar ao
esquecimento as
vítimas que causaram em sua sanha fratricida, dentre elas, as de 1966.
Passaram-se muitos anos.
Mas as bombas de Recife e o atentado de Guararapes não serão esquecidos.
Eis as fotos do terror.
Destruição no saguão do aeroporto dos Guararapes
.
O corpo do Alte Nelson Gomes Fernandes sendo retirado do local
.
O guarda civil Sebastião Tomaz de Aquino em estado de choque e mutilado
.
O Jornalista Edson Régis de Carvalho não reistiu aos ferimentos
.
O Ten Cel Sylvio Ferreira da Silva aguardando socorro
.
Solidariedade com os feridos
F.DUMONT
TERRORISMO NUNCA MAIS!
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