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sexta-feira, 18 de maio de 2012

SEQUESTROS... ROUBOS... ASSASSINATOS... NÃO É CRIME???


Investigação, só dos crimes praticados pela ditadura

  
Por Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa


 Coube ao locutor que apresentou a cerimônia, ontem, a fundamental definição sobre a Comissão da Verdade, então instalada: “seu objetivo será de apurar as violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro, até hoje não esclarecidas”.

O anônimo personagem foi mais claro do que os oradores ouvidos a seguir, mesmo a presidente Dilma.

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Ela elogiou, reconheceu e valorizou quantos “enfrentaram bravamente a truculência da ditadura”, mas foi o locutor a deixar claro que a Comissão da Verdade não investigará atos praticados por quantos se opuseram ao regime militar apelando para atos criminosos.

Resolve-se, assim, o primeiro impasse que cercava a Comissão da Verdade, porque um dos seus sete membros, José Carlos Dias, havia defendido a apuração dos excessos dos agentes do Estado e também dos terroristas, logo contraditado por seu colega Paulo Sérgio Pinheiro, ao sustentar que aqueles que pegaram em armas contra o regime de exceção já haviam sido julgados, condenados e punidos. O próprio José Carlos Dias, por conta da celeuma escolhido para discursar como representante dos sete, voltou atrás e disse que os abusos verificados na luta contra a ditadura não justificavam os atos de violência do Estado.

A solenidade contou com a presença dos comandantes das três forças armadas e do chefe do Estado-Maior conjunto, além de quatro ex-presidentes da República, José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva.

A presidente Dilma, em seu pronunciamento, fez questão de ressaltar a ação do falecido presidente Itamar Franco e sua trajetória pelas liberdades públicas, sem concessões ao autoritarismo. Lembrou que Fernando Collor mandou abrir os arquivos do DOPS de São Paulo e do Rio. Citou Fernando Henrique, que sancionou a Lei Sobre Mortos e Desaparecidos, quando o Estado reconheceu sua responsabilidade. Exaltou o Lula na luta pelos direitos humanos e a criação da Comissão da Verdade. Para não deixar Sarney de fora, referiu-se ao seu papel de consolidar a transição para a democracia, iniciado por Tancredo Neves.

Prova de maturidade democrática, mas com uma pitada de cara de pau, foi a presença dos quatro ex-presidentes. Porque não dá para esquecer que Fernando Collor ameaçou prender José Sarney, que Fernando Henrique disse o diabo de Luís Inácio da Silva e que o Lula não poupou os antecessores em todas as comparações feitas entre sua administração e as anteriores.

Com familiares de mortos e desaparecidos, vítimas do regime militar, a posse dos sete integrantes da Comissão da Verdade terá servido para afastar de seus trabalhos a sombra do revanchismo, do ressentimento e do ódio? Tomara que sim, ainda que jamais do perdão aos crimes cometidos pelos detentores do poder de exceção. Quem assim se exprimiu foi a própria presidente Dilma, que chegou às lágrimas ao referir-se “aos 28 benditos anos do regime democrático”.

Fonte: A Verdade Sufocada

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