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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

SUBDESENVOLVIDO VIROU EMERGENTE...

CNóis num pega o peiche"

Plácido Fernandes Vieira  
Correio Braziliense - 02/08/2013 

Faz pouco mais de um mês que o gigante — aquele do berço esplêndido — acordou e surpreendeu o país com uma sucessão de grandes manifestações nas ruas. Reivindicava decência dos políticos e serviços públicos — educação, saúde e transporte coletivo — à altura dos impostos que o Estado cobra dos cidadãos. Em seguida, veio o papa Francisco e, diante de multidões sem precedentes, disse aos jovens que insistam na luta. Não desanimem diante da corrupção. “Peço para vocês irem contra a corrente”, disse. “O jovem que não protesta não me agrada.”
Três dias depois de Francisco voltar a Roma, temos notícia de que ele segue implacável em sua batalha para reformar a Igreja Católica. Na quarta-feira, por exemplo, a Santa Sé anunciou a renúncia de três bispos implicados em escândalos de corrupção e informou que, pela primeira vez, o Banco do Vaticano vai abrir sua caixa-preta e publicar as contas da instituição. Ou seja, o pontífice continua a fazer na prática o que defende nos discursos.
E no Brasil, o que se vê? O oposto. Aqui, ainda vigora a velha política do “faça o que digo, não faça o que faço”. No mesmo dia em que Francisco promovia a limpa no Vaticano, chutando o traseiro de bispos corruptos, Dilma reunia ministros e mandava liberar o mais rápido possível R$ 2 bilhões em emendas para aplacar a voracidade da base aliada. Dinheiro para que parlamentares não a chantageiem em votações de interesse do governo. Mas cadê as escolas, os hospitais e o transporte padrão Fifa? Nada? Nadica da Silva.
Em 20 anos (1991 a 2010), mostrou estudo do Pnud/Ipea, houve significativa melhora nos índices de desenvolvimento humano dos munícípios brasileiros. Vive-se mais e a renda melhorou. Na educação, porém, registrou-se avanço apenas no número de alunos nas escolas. Nesse quesito, o país ainda se encontra na era do “nois num pega o peiche”. E, sem uma revolução na educação, mostra a história, não há salvação: o Brasil continuará “enchergando” mal, como ficou claro no mais recente Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e condenado às trevas do subdesenvolvimento.

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