10/10/2012 às 12:35 \ Direto ao Ponto
À espera da sentença, o condenado por corrupção resolveu furtar até título de livro
Condenado
por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal, José Dirceu apertou
de novo o gatilho do trabuco que só dispara bravatas. Num manifesto
delirante, o único guerrilheiro do mundo que confunde cano com coronha
acusa a elite reacionária e a mídia golpista de terem forçado o STF a
enxergar um prontuário de bom tamanho onde existem uma folha de
relevantes serviços prestados à nação e a biografia de matar de
humilhação um Che Guevara.
Desde 1968, Dirceu nega com veemência qualquer pecado que lhe
atribuam ─ é capaz de jurar de pés juntos que jamais cometeu sequer
infrações de trânsito. É compreensível que simule indignação ao ser
castigado por delinquências de grosso calibre que sempre debitou na
conta da inventividade perversa da oposição. Com a placidez de um doutor
em estelionato, ele nega até o que está registrado em vídeo.
Como demonstram o texto e as imagens na seção Vale Reprise,
foi o que fez no programa Roda Viva quando entrou em pauta o episódio
da agressão sofrida pelo governador Mário Covas em 1° de junho de 2000.
Quem já negou até que era quem é jamais admitirá que chefiou a quadrilha
do mensalão. Vai morrer murmurando que é uma vítima dos capitalistas
selvagens aos quais hoje serve com muita aplicação fantasiado de
“consultor”.
Surpreendentemente, o manifesto da semana poupou o Brasil que presta
da ameaça recorrente: desta vez, permanecerão aquartelados os
“movimentos populares” e as “forças progressistas” que o guerrilheiro de
festim promete mobilizar há mais de 40 anos ─ e nunca foram vistas fora
da imaginação do comandante. Desde a descoberta do mensalão, Dirceu só
apareceu na rua à frente de uma multidão no último domingo. Eram
companheiros incumbidos de escoltá-lo na rota da seção eleitoral para
que pudesse votar sem ser constrangido por manifestações hostis.
Sozinho ou mal acompanhado, o ex-capitão do time de Lula garante que
não vai sossegar até provar que é inocente. “Minha sede de justiça será
minha razão de viver”, avisa a última frase do manifesto. A editora
Record deveria ampliar-lhe a folha corrida com outra ação judicial: à
espera da sentença, o condenado por corrupção resolveu furtar o título
do livro de memórias de Samuel Wainer.
Fonte: Coluna do Augusto Nunes
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