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quinta-feira, 3 de abril de 2014

O CONTRADITÓRIO É DEMOCRÁTICO...FALTOU LIBERDADE DE EXPRESSÃO

01/04/2014 16h33 - Atualizado em 01/04/2014 16h37


Professor da USP elogia golpe de 1964,


 



e aula é invadida em protesto



De capuzes pretos, alunos cantaram hino da resistência contra militares.
Imagens do protesto foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais.

Rosanne D'AgostinoDo G1, em São Paulo
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Alunos invadiram sala de aula para protestar contra discurso de professor, em favor do golpe de 64 (Foto: Reprodução/Canto Geral)Alunos invadiram sala de aula para protestar contra
discurso de professor em favor do golpe de 64
(Foto: Reprodução/Canto Geral)
Estudantes invadiram uma aula de direito na Universidade de São Paulo (USP) nesta segunda-feira (31) para protestar contra o discurso de um professor a favor do golpe militar de 1964, que completou 50 anos nesta semana e instituiu uma ditadura de 21 anos no país.
“A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas num Holocausto de sangue e corrupção total, material e espiritual”, dizia o professor quando foi interrompido por batidas na porta e gritos que aparentavam uma pessoa pedindo para não ser espancada.
Em seguida, alunos invadiram a classe com capuzes pretos na cabeça em manifestação contra a aula cantando a música ‘Opinião’, de Zé Keti, considerada hino da resistência contra os militares.
No site da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o nome do professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi aparece como o de “professor associado” na área de Direito Administrativo.
No vídeo da aula, o professor afirma que o socialismo representou o “mais completo fracasso de uma ideologia desde os tempos dos faraós” e que, em 1964, “como liga esquerdista totalitária almejava apoderar-se totalmente do Brasil, mediante luta armada e subversão. E quase conseguiu”.
O movimento foi organizado pelo coletivo Canto Geral. A estudante Carla Vitória, que faz parte do movimento de esquerda que atua dentro da faculdade, afirma que o professor avisou, na semana anterior, que falaria sobre o tema. Por isso, o grupo decidiu intervir. “Acho que ele abusa da liberdade de cátedra para impor os valores dele. Os professores podem defender sua ideologia, mas ele tem que se dar conta de que está numa posição hierárquica”, defende.
Ainda segundo a aluna, que estuda em outra sala de aula, e não na que foi palco do protesto, o professor "batia na mesa e gritava que, quem não quisesse ouvir, saísse antes". Além disso, distribuiu um material sobre a "Continência a 1964", "autenticado em cartório com o símbolo da faculdade" que cita "uma peste rubra que assola o país" (Leia a íntegra aqui).
Os alunos decidiram simular uma cena de tortura com vozes, para simbolizar a ditadura, e levaram um ex-militante torturado da Ação Libertadora Nacional (ALN) para falar com os estudantes. "A intenção era fazer um debate, mas o professor saiu correndo porque ficou muito bravo", diz Vitória.
José Rogério Cruz e Tucci, diretor da Faculdade de Direito da USP, afirma que, nem alunos nem professor, serão advertidos. “Faltou sensatez dos dois lados. Tudo ali foi liberdade de expressão”, disse ao G1.
Segundo ele, na mesma noite ocorria um evento contra o golpe militar no térreo da faculdade, com a inauguração de uma placa “Ditadura nunca mais, Estado de Direito sempre”. “Não se justifica. Só tenho a lamentar. É um absurdo aquilo ali, numa faculdade de direito, em que se está lutando pela legalidade, de um lado apologia da revolução, de outro lado, os alunos, sem tentar um diálogo”, complementou.

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