Graça, presidente da Petrobras, tenta a saída quântica. Acho que não dá…
O escândalo da Petrobras “pegou”, como sabem os institutos de pesquisa. Boa parte da população — que, em ano de disputa, costuma ser chamado de eleitorado — entendeu o que se passou por lá. E, não custa lembrar, com uma ajudinha da presidente da República, que se disse ludibriada por um diretor da estatal. Graça Foster, em nova audiência no Congresso (leia post), voltou a falar da compra da refinaria de Pasadena. Mudou um pouco o tom: repetiu que, à época, a compra poderia ser um bom negócio, o que não se verificou depois. E afirmou, sem dizer por quais caminhos, que o prejuízo pode ser revertido. Pode? No ano passado, ela tentou vender a refinaria. O mercado oferecia US$ 118 milhões por aquilo que a Petrobras pagara mais de US$ 1,3 bilhão.
O que determina essa mudança de tom é a proximidade da CPI. Como é que o governo pode se defender se todos, inclusive esse mesmo governo, sustentam tratar-se de um mau negócio? Mas se defender como? Graça, se vocês observarem bem, está tentando uma saída, digamos, quântica, o universo das coisas que são e que não são ao mesmo tempo.
Ora, se ela diz que, à época, a compra se mostrava um bom negócio, então Nestor Cerveró tem certa razão ao dizer que as cláusulas “Put Option” e “Marlim” eram irrelevantes. Entendo que, ainda que o conselho tivesse consciência da sua existência, teria dito “sim” ao negócio, já que afinado com o plano estratégico, como ela diz.
Acontece que a presidente da Petrobras precisa, ao mesmo tempo, sustentar a fala da presidente Dilma, que deixou claro ter sido, vamos dizer, enganada por Cerveró. E aí Graça sustenta que as tais cláusulas deveriam, sim, ter sido explicitadas ao conselho. Pergunto: e se tivessem sido? O negócio não teria sido realizado? Num julgamento puramente lógico, convenham, Cerveró então fez um bem a Dilma Rousseff: ela tem hoje, ao menos, a desculpa de que decidiu sem ter todas as informações.
Fonte:http://veja.abril.com.br/
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