domingo, 27 de outubro de 2013
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Em momentos de grande dificuldade, temos um procedimento estratégico e operacional recomendável. Recorrer a Deus e aos amigos de verdade. Apelei a um caboclo, bom filho do Pai, especialista em assuntos de poder e dança da gafieira.
A segunda habilidade dele, aplicada à conjuntura, recomenda que apelemos a um velho sábio francês capaz de nos ajudar a compreender e encontrar uma alternativa para não atravessar o samba neste momento histórico crucial.
Dentro ou fora das temporadas de Outubro Rose, meu amigo sempre apela ao exemplo do famoso político e diplomata francês Charles Maurice de Talleyrand-Péricord (1754 a 1838).
Contam os biógrafos que, no início da Revolução Francesa (1789 a 1799), o pragmático Talleyrand tomou três decisões – algumas delas que valem para toda a vida e para qualquer situação:
- Não remar contra a maré.
- Não abandonar seu País, salvo corresse grande perigo pessoal.
- Salvar o que pudesse ser salvo.
Nascido em família da alta nobreza, Talleyrand sofreu na infância um acidente que o impediu de seguir a carreira militar. Sorte dele e da Igreja! Entrou na vida religiosa, e chegou a ser expulso do seminário, em 1775, por não seguir a regra do celibato.
Mas, perdoado, logo saltou de abade a Bispo, em 13 anos. Assim, participou dos Estados Gerais em que defendeu, com brilhantismo, os privilégios da Igreja.
Pouco depois, abandonou a batina e, já como líder revolucionário, confiscou os bens eclesiásticos. Sobreviveu ao 93 (o ano do terror de 1793). Fugiu para os Estados Unidos da América.
Só retornou à França quando um jovem general reestabeleceu a ordem. Tornou-se seu conselheiro indispensável – mesmo sendo considerado um “Homem-Diabo”. Assistiu á ascensão e queda do Imperador Napoleão que, ferido em sua vaidade na batalha de Eylau, resolveu dar uma lição aos russos, invadindo o País e entrando numa fria.
Talleyrand sabia que era chegada a hora de salvar a França.
A traição em Erfurt foi o meio necessário. Restaurada a monarquia, virou ministro e viveu com glória até morrer, em 17 de maio de 1838, em Paris. Levou para a eternidade o título de Príncipe de Benevento. Segmentos esclarecidos da sociedade brasileira têm muito a aprender com o famoso Mauricinho francês...
Mas enquanto tentamos aprender algo com Talleyrand, uns gaiatos espalham pela internet uma proposta de “solução” brilhante e imediata para o Brasil: “Devido ao longo tempo necessário para o Judiciário julgar os casos de corrupção, por uma evidente falta de juízes, a presidenta poderia agir como fez com os médicos: Contratar juízes estrangeiros, dispensando-os do exame de Ordem e do exame de admissão à Magistratura”.
Os piadistas militantes prosseguem: “Seriam ótimos os juízes chineses, japoneses, árabes, que até cobram as balas para fuzilamento de condenados, cortam as mãos de ladrões, etc. E mandá-los para as regiões mais carentes como Brasília, Maranhão, Alagoas, para avaliar e julgar os gastos da Copa, mensalões, dólares na cueca, verbas e demais desvios, dos quais Lula e Dilma nunca sabem de nada. A ideia é boa?”
Enfim, em meio a este samba do afrodescendente doido, o melhor negócio é sair com o meu amigo para a gafieira.
Lá, onde ele é rei, pelo menos a gente dança com prazer. Diferentemente do Brasil, onde o samba atravessa cada vez mais, e de forma perigosa, comprometendo o futuro do pagode, até que algum general da banda se junte a outros músicos para recolocar ordem no salão.
Não vai ser mole, porque o Brasil parece uma grande piada de salão...
Fonte:http://www.alertatotal.net/
Postado por GRLINS
E-mail cmdlins@hotmail.com
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