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sábado, 16 de agosto de 2014

CONTRADIÇÃO DE OPINIÃO...

Kátia Abreu: quantas existem?

Kátia Abreu: critica o bolivarianismo com uma mão e o afaga com a outra.
Condenei ontem aqui o apoio lamentável que a senadora Kátia Abreu declarou à reeleição de Dilma esta semana, afirmando que seria um passo fundamental para preservar o “avanço” do país. Chamei inclusive de traição tal apoio “incondicional”, pois vai contra tudo aquilo que a própria senadora sempre pregou em seus discursos.
Pois bem: eis que abro o jornal hoje e deparo com sua coluna irretocável. Trata-se de um veemente ataque ao bolivarianismo, à insistência de nossa esquerda na idolatria a um modelo fracassado como o cubano. Eu não mudaria uma vírgula de seu texto, que diz, entre outras, coisas assim:
O peso da realidade mais uma vez se impôs, como se pessoas e partidos políticos nada tivessem aprendido com as experiências soviética, do Leste Europeu, da China maoista e de outros países. A fantasia tornou-se o fantasma que assombra a América Latina e, infelizmente, certos partidos políticos entre nós.
Cuba, farol dessa esquerda retrógrada, é um país empobrecido que, em seus melhores momentos, viveu somente da mesada da ex-União Soviética. Posteriormente, sua mesada foi substituída pelo petróleo barato enviado pelo ex-ditador Hugo Chávez.
[...]
A Venezuela inovou em seu socialismo. Em vez da conquista violenta do poder, optou por eleições que têm como único objetivo subverter a democracia por meios democráticos. Conseguiu, dessa maneira, captar a simpatia dos comunistas/socialistas brasileiros, em falta de ideias e orientação.
[...]
A Argentina, em sua muito especial mescla de peronismo e bolivarianismo, está levando o populismo econômico a seu grau máximo de radicalização, acompanhado de severas restrições à liberdade de imprensa e dos meios de comunicação em geral.
[...]
O comércio, que deveria ser o eixo-mor dessa associação, tornou-se completamente secundário, como se não fosse ele o seu objetivo central. As reuniões do Mercosul converteram-se em simples fóruns inúteis, palcos de agressivos discursos antieconomia de mercado ou anti-Estados Unidos, segundo a cartilha anti-imperialista.
[...]
Urge que o(a) próximo(a) presidente da República reveja as orientações que têm presidido a nossa política externa. Entre elas, impõe-se que essa entidade volte a ser um mercado comum, comercial, e não uma associação aduaneira.
Pergunto, perplexo: quem escreveu tais nobres linhas? A mesma que semana passada declarou apoio “incondicional” a Dilma? Mas não é a própria presidente Dilma e seu PT que representam a grande ameaça bolivariana em nosso país? Não é o PT que flerta com essa esquerda retrógrada? Não foi Dilma que afagou cheia de carinho o ditador Fidel Castro recentemente? Não é o PT que pertence ao Foro de São Paulo ao lado dessa turma toda?
Será que Kátia Abreu realmente acredita que a própria Dilma seria capaz de rever as orientações que têm presidido a nossa política externa? Que piada! Foi o próprio PT que transformou o Mercosul em uma piada internacional, um antro de antiamericanos terceiro-mundistas, uma camisa de força ideológica para nossa indústria.
Não entendo mais nada! Kátia Abreu, a senhora precisa procurar um especialista para verificar se, por ventura, sofre de dupla personalidade ou algum grau de esquizofrenia. Digo isso com todo respeito, claro. É porque não parece razoável uma postura tão distinta em tão pouco tempo. De dia é uma coisa, de noite é outra? Em qual delas eu confio? A que combate o bolivarianismo e o MST, ou a que endossa a reeleição de Dilma? Pois as duas coisas juntas não é possível: uma nega a outra!
Decida-se, senadora: ou a senhora resgata seu histórico de luta pela economia de mercado, pela propriedade privada, ou a senhora fica ao lado de Dilma e do PT, pedindo votos para o projeto bolivariano em nosso país. Quem pretende atender a dois mestres não atende a nenhum!
Rodrigo Constantino

Fonte:http://veja.abril.com.br/

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